Por: Gabriela Gallo

Fevereiro Laranja chama atenção para cuidado com leucemia

Fabiana Justus tem divulgado detalhes do seu tratamento | Foto: Redes sociais

Em janeiro deste ano, a filha do apresentador Roberto Justus, a empresária e influenciadora Fabiana Justus, foi diagnosticada aos 37 anos com leucemia mieloide aguda. Atualmente, ela está internada em um hospital em São Paulo para o primeiro ciclo de quimioterapia. Por meio das redes sociais, ela vem compartilhando sua rotina de tratamentos e como vem mantendo contato com as filhas gêmeas Chiara e Sienna, de 5 anos, e o filho caçula, Luigi, de 5 meses.

O caso chama a atenção para os cuidados com a doenças. Durante o mês de fevereiro, é realizada a campanha de saúde “Fevereiro Laranja”, voltada para a conscientização e cuidados com a leucemia. A leucemia é o câncer dos leucócitos, conhecidos como células brancas do sangue, responsáveis pela proteção do organismo contra infecções. Por se tratar de um tumor no sangue, ela precisa ser tratada por um hematologista, um profissional especializado em tratar doenças desse tipo.

“A grande diferença entre a leucemia e os outros cânceres é que a leucemia já é uma doença metastática a partir do diagnóstico. Os outros cânceres são localizados e muitas vezes, se você fizer uma cirurgia com margem livre, você consegue curar. A leucemia, ao contrário, é uma doença completamente disseminada já no diagnóstico porque ela está num tecido líquido, no sangue”, explicou ao Correio da Manhã o hematologista Alexandre Barbosa Sotero.

A doença pode ser dividida em aguda ou crônica, mielóide e linfóide. A reportagem também conversou com a hematologista Sâmya di Paula A. F. Sampaio, que explicou que “a leucemia aguda requer um cuidado imediato, o paciente corre um risco iminente de vida”.

“Já as leucemias crônicas, que podem ser tanto a leucemia mieloide crônica quanto a leucemia linfóide crônica, requerem cuidado e acompanhamento. A leucemia linfocítica crônica já é mais característica do paciente idoso”, ela completou.

Sintomas

Os principais sintomas da doença são fraqueza, relacionada à anemia, sangramentos e hemorragias, relacionados à queda de plaquetas, e febre sem causa aparente. Em alguns casos também são registradas manchas pelo corpo.

A Hematologista Sâmya Sampaio completou que “se é uma leucemia aguda, os principais sintomas são febre sem causa aparente, perda de peso sem a pessoa estar fazendo uma dieta e a sudorese, um suor que gruda no corpo geralmente no período vespertino”.

A doença modifica as células na medula óssea – que é a fábrica das células do sangue. Portanto, o paciente tem uma proliferação de células doentes e uma redução das células competentes para proteger o organismo. Isso acontece devido à diminuição das células vermelhas, responsáveis por levar o oxigênio pelo sangue.

Transmissão

Sâmya Sampaio ainda completou que não há um motivo específico que cause a doença. “Como todo câncer, ocorre uma mutação na célula e essa célula começa a se proliferar de maneira desordenada, levando a leucemia. Então, de acordo com a célula que desencadeia a mutação genética, é o tipo de leucemia. Se ocorre na série linfóide, ela é uma leucemia linfocítica ou linfoblástica. Se é uma leucemia que ocorre na célula, na série mieloide, ela é uma leucemia mieloide”, explicou a profissional de saúde.

O hematologista Alexandre Barbosa ainda completou que, além de algumas doenças hereditárias raras, “do ponto de vista ambiental, a exposição à combustão incompleta do petróleo, derivados de benzeno, cigarro, radiações ionizantes, também são fatores que podem causar a leucemia aguda”.

Prevenção

Apesar de não haver uma fórmula mágica para se prevenir contra a leucemia, ambos os hematologistas reforçaram a importância de se manter um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada, prática de exercício físico, sono regulado e evitar ter casos de estresse frequentes. Mas, além disso, é muito importante “ter sempre uma rotina de acompanhamento médico, tanto crianças quanto adultos.

“As leucemias são não são doenças comuns, então não há uma forma específica para se prevenir. Mas se puder evitar radiações ionizantes, contato com tintas, solventes ou produtos da combustão incompleta do petróleo, é possível se prevenir de forma significativa o risco de desenvolvimento de leucemia. Mas não existe, de forma clara, algo que consiga prevenir. Normalmente, a célula sofre mutações, isso acontece ao longo da vida”, completou Alexandre Barbosa.

Tem cura?

Questionada pela reportagem, a doutora Sâmya Sampaio explicou que a possibilidade de cura da leucemia depende do tipo da doença.

“As leucemias crônicas não têm cura, têm tratamento. A maioria das pessoas fazem o tratamento quando ele é necessário e elas têm uma qualidade de vida, uma expectativa de vida semelhante à da população normal. Agora, a leucemia aguda, ela pode ter cura com o tratamento, quimioterapia, e às vezes é necessário fazer o transplante de medula óssea”, destacou Sâmya.

Já Alexandre Barbosa destacou que os medicamentos para o tratamento das leucemias crônicas são eficientes e encontrados no Sistema Único de Saúde (SUS). Qualquer pessoa entre 18 a 35 anos, que esteja em bom estado de saúde, pode ser um doador de medula óssea. São retirados 5ml de sangue do doador, como um exame de laboratório, e o doador é cadastrado no Redome – Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Os dados genéticos são cruzados com os dos pacientes que precisam da medula e, caso dê compatibilidade genética através do teste de compatibilidade (HLA) a doação pode ser realizada.

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