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Copa: Violência afeta rotina de moradores e turistas

Casos de violência no bairro estão viralizando nas redes sociais e assustando moradores | Foto: Reprodução

Moradores de Copacabana e turistas que frequentam o bairro da zona sul do Rio de Janeiro passaram a adotar hábitos diferentes para evitar roubos, em meio a um aumento da sensação de insegurança na região.

Em um bar, uma caixa de som estava presa a uma cadeira com um cadeado de bicicleta. Na rua, um guarda-sol estava ligado com uma corrente de ferro a um banco. Um taxista disse que a medida era para evitar furtos.

Uma das medidas mais comuns é evitar sair de noite. Um casal que tirava foto em um dos pontos turísticos da região foi avisado por um policial militar que disse que ali era uma área perigosa e que poderiam roubar o celular. Após isso, eles passaram a se deslocar de carro de aplicativo durante a noite.

Uma moradora da rua Duvivier, rua ao lado do Copacabana Palace, diz que usa três celulares: um que fica em casa, e possui dados da conta bancária principal. Outro, com uma conta bancária secundária, somente para uso de pix na rua. E, um terceiro, que só é possível fazer ligações. Esse último, diz, sem querer se identificar, é para entregar a possíveis assaltantes.

Sidnei Oliveria Sá, 52, é ajudante de cozinha de um hotel da orla. Morador da Penha, na zona norte da cidade, diz que a sensação de insegurança ocorre em toda a cidade.

Sá disse que em dias de calor é comum acontecerem arrastões na praia. Por isso, os funcionários do hotel recomendam que hóspedes não usem correntes ou colares na rua.

"Aqui é assim: se você não tiver nada para dar, parece que eles levam sua vida. Eu tenho somente um celular, se falarem 'perdeu', eu perdi. Pode levar. E isso dá uma revolta, sabe?, disse.

Recentemente, imagens de assaltos no bairro passaram a viralizar nas redes sociais. Um dos casos que mais repercutiu no Rio de Janeiro foi o ataque sofrido pelo empresário Marcelo Rubim Benchimol, 67, no domingo (3). Ele foi agredido e roubado no bairro por um grupo de jovens.

A ação foi flagrada por câmeras de segurança. Nas imagens, é possível ver quando ele desmaia após levar um soco. O empresário sofreu os ataques após defender uma mulher de um roubo. Ele passa bem. O homem que deu um soco em Marcelo foi preso na baixada fluminense na sexta (8).

Depois da repercussão do caso do empresário, moradores passaram a formar grupos pelas redes sociais para sair à caça de supostos criminosos.

Um jovem chegou a ser confundido com um assaltante, foi perseguido por 350 metros e espancado. A Polícia Civil investiga o movimento e tenta identificar os agressores.

Índices

Dados oficiais de violência indicam que os números estão em um patamar abaixo do nível pré-pandemia. E, apesar de altos, também estão distantes dos recordes da série histórica.

Em novembro, foram 106 roubos nas ruas do bairro, menos que os 120 registrados no mesmo mês no ano passado. No acumulado dos primeiros 11 meses, foram 1.105 roubos de rua, uma alta de 10,7% em relação ao mesmo período de 2022.

Em comparação com 2019, porém, há uma redução de 15,1% --foram 1.301 casos naquele ano, o último antes da pandemia de Covid. Durante a emergência sanitária, com menos circulação de pessoas, os números sofreram uma redução.

O recorde para o período foi em 2008, com 1.362 casos em 11 meses. A série histórica existe desde 2003.

O indicador de roubos reúne os índices de roubos a transeuntes, a ônibus e de celulares.

Por Bruna Fantti (Folhapress)

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