Nem o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência nem os comandantes da Polícia Militar do Distrito Federal. Em sessão tumultuada, a Câmara Legislativa do Distrito Federal votou nesta quarta-feira (29) o relatório final da CPI dos Atos Antidemocráticos, que investigou a invasão e depredação dos prédios dos três poderes.
Em seu relatório original, o relator, deputado Hermeto (MDB) incluía entre os 135 indiciados o general Gonçalves Dias, o G.Dias, ex-ministro do GSI. Uma manobra, porém, do presidente da CPI, deputado Chico Vigilante (PT), livrou o general do indiciamento. O próprio Chico apresentou um destaque retirando o nome de G.Dias, que acabou aprovado por quatro votos contra três.
Da mesma forma, Hermeto, aliado do governador do DF, Ibaneis Rocha, retirou do seu relatório os comandantes da PM, acusados de terem se ausentado ou omissos no 8 de janeiro.
Crimes
De qualquer modo, o relatório de Hermeto manteve o pedido de indiciamento de outras 134 pessoas por crimes contra o estado democrático de direito. Foram nove meses de investigação e 32 depoimentos ouvidos na CPI.
No documento, do relator Hermeto (MDB), não houve indiciamento de nenhum coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), que ocupava a cúpula da corporação nos atos de 8 de janeiro. Os distritais da oposição não aceitaram bem a notícia. Tentaram emplacar um relatório paralelo de Fábio Félix (Psol). Félix chegava a pedir o indiciamento, inclusive, do ex-presidente Jair Bolsonaro. Acabou derrotado.
Bate-boca
Para tentar retirar o nome de G.Dias, o presidente da CPI dos Atos Antidemocráticos, Chico Vigilante (PT), determinou que os distritais votassem inicialmente destaques do relatório final para, somente após a votação do documento.
O parlamentar disse que o regimento da casa permite a apresentação de destaques sobre qualquer preposição — semelhante a projetos de lei, por exemplo. Nesse sentido, o parlamentar detalhou, antes do início da sessão, que apresentaria a proposta para retirar G.Dias do rol de indiciados.
Na mesma hora, deputados que articularam com o relator da CPI, Hermeto (MDB), pediram questão de ordem por serem contrários à proposta. O petista acabou não aceitando e começou o bate-boca. Enquanto Hermeto, que é policial militar, tentava ler o relatório, os distritais Thiago Manzoni (PL), Joaquim Roriz Neto (PL), Paula Belmonte (Cidadania) e Pastor Daniel de Castro (PP) protestaram. A sessão precisou ser paralisada para que os ânimos fossem acalmados.