Por: Gabriel Rattes*

Caminhada de mais de 60 quilômetros pelo título

Os três amigos ao cumprirem a promessa que "garantiu" o título da Libertadores ao Fluminense | Foto: Arquivo pessoal

Os três amigos que são amantes do futebol e principalmente do Fluminense Football Club cumpriram uma promessa inusitada para garantir que o clube fosse campeão da Copa Libertadores da América, este ano. Chamados por muitos de "loucos", Lucas Augusto Karl, Alfredo Kappaun e Logan Carius enfrentaram uma caminhada de 14 horas entre Petrópolis e o Estádio Maracanã, na cidade do Rio de Janeiro. Para eles, não cumprir a promessa, feita no início deste ano, certamente custaria o título, inédito para o clube do Rio.

"A promessa foi feita assistindo a um Fla-Flu, em março deste ano. Tinham acabado de divulgar que a final seria no Maracanã. Vencemos esse jogo, fomos campeões da Taça Guanabara e no calor da emoção, eu e o Alfredo fizemos a promessa", explica o publicitário Lucas Augusto Karl, de 28 anos.

Posteriormente, os dois amigos tiveram ainda a companhia de um terceiro: o estudante de mecânica de aeronaves Logan Carius Brandão Ferreira, de 26 anos. Mesmo não tendo ingresso, Logan não desistiu de realizar a promessa, e assistiu à partida nos arredores do estádio.

Ao todo foram mais de 60 quilômetros de caminhada. Às 5h da manhã na véspera do jogo, dia 3 de novembro, eles colocaram o pé na estrada. Por volta de 19h, encontravam-se exaustos sentados em um banco em frente ao palco da grande final. O engenheiro Alfredo Kappaun de Andrade, de 26 anos, conta que a empreitada lhe causou um pé repleto de bolhas.

As principais dificuldades, segundo eles, foram o calor e o asfalto quente. "A gente foi sem hesitar. Ao longo do caminho eu posso dizer por mim, que eu não pensei em desistir, mas me bateu muitos arrependimentos. Foi uma caminhada bem difícil, ainda mais com o calor intenso do sol de 12h. O chão estava tão quente, que chegou a derreter as solas dos tênis", disse Logan Carius.

Os três amigos integram a Guerreiros da Serra, uma torcida organizada do Fluminense criada por moradores de Petrópolis. Relatam que era o maior sonho da vida deles ver uma conquista da Libertadores com o time do coração, principalmente por 'baterem na trave' em 2008 contra a LDU, também no Maracanã.

Logan Carius

Logan conta que somente conseguiu participar ativamente dos jogos em 2021, mas que o amor pelo clube vem de gerações. "A paixão veio do meu avô, que foi muito presente e me deu minhas primeiras camisas, me fez gostar de futebol. Hoje ele está com câncer, não pôde ir à final comigo, mas eu levei a bandeira dele para estar presente", enfatizou.

O torcedor completa afirmando que o título dá fim a um fantasma do passado. "Finalmente encerra uma noite que começou há 15 anos, que foi muito sofrida. O tricolor criou trauma. Eu mesmo nunca consegui reassistir aquele jogo. Hoje a justiça foi feita pelos deuses do futebol", afirmou.

Além do título inédito neste ano, o estudante já presenciou alguns outros momentos marcantes com o Fluminense, são eles: o último gol do ídolo do clube, Fred; título do Campeonato Carioca de 2023; a final da Libertadores de 2008; e a primeira visita ao centro de treinamento do clube, nas Laranjeiras, em 2009, dia em que conheceu o ídolo pessoal, Fernando Henrique.

Ao falar sobre promessas para caso conquistem o título do Mundial no final do ano, Logan conta que talvez possa platinar o cabelo ou raspá-lo. Um detalhe importante, é que ele não corta o cabelo há 4 anos.

Alfredo Kappaun

A história entre o Alfredo e o Fluminense também foi uma paixão passada de gerações. "O amor pelo clube veio do meu pai, ele me ensinou a ser tricolor desde que eu era um bebê. Já pela minha irmã, eu aprendi a ser viciado em frequentar estádio", afirmou.

Alfredo conta que começou a ir para os jogos em 2005, quando viu o Fluminense perder no primeiro jogo da final do Campeonato Carioca, diante do Volta Redonda. Mas conta também ter presenciado a reviravolta no jogo de volta, no qual saiu campeão da competição.

Outros momentos marcantes vivido por Kappaun foram: as quartas de final contra o São Paulo, em 2008, com direito a gol de cabeça do jogador Washington; os dois títulos brasileiros (2010 e 2012); e o jogo de volta das semifinais da Libertadores, diante do Internacional, no Estádio Beira Rio em 2023.

Sobre futuras promessas, Alfredo relata não ter nada em mente para o Mundial ou a Recopa, mas que definitivamente será algo mais fácil de cumprir.

Lucas Augusto Karl

Lucas conta que na saída da maternidade já estava vestido de Fluminense. "A paixão pelo 'Flu' vem de berço, meu pai é tricolor. Aos 2 anos de idade conheci o Maracanã pela primeira vez, então não teria como ser diferente", conta. Somente neste ano, Lucas já esteve presente em mais de 40 jogos do tricolor.

"O Fluminense está presente em tudo na minha vida desde criança, mas alguns jogos são bem marcantes. O título carioca de 2005 em cima do Volta Redonda foi meu primeiro título em um estádio, então tenho um carinho muito grande por esse jogo. Outro momento muito marcante foi a despedida do Fred. Tanto o jogo da despedida, ou quando marcou seu último gol. Esse ano, o jogo da semifinal contra o Inter, no Beira Rio foi algo fantástico também, a emoção da virada no fim do jogo, algo indescritível. Além claro, da final, ali foi realização de todo um sonho, sem palavras, fez valer cada gota de suor", enfatizou.

*Estagiário

 

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