Rio: Militares poderão estar em portos, aeroportos e fronteiras

Proposta será apresentada ao presidente Lula na próxima segunda-feira

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Plano integrado da Justiça, Defesa e Forças Armadas deverá ser apresentado a Lula na segunda-feira

O ministro Flávio Dino (Justiça) disse, nesta quarta-feira (25), que sua pasta, junto com a Defesa e os comandantes das Forças Armadas vão apresentar um plano na próxima semana ao presidente Lula (PT) para a utilização de militares em fronteiras terrestres, e em portos e aeroportos no Rio de Janeiro.

A declaração de Dino foi feita depois de reunião que contou com a participação dele, de Lula e dos ministros José Múcio (Defesa) e Rui Costa (Casa Civil), além dos três comandantes das Forças Armadas.

Segundo a reportagem apurou, na próxima segunda-feira (30), haverá uma nova reunião com os envolvidos para tratar do tema.

O Rio vive momento de crise na segurança pública, com aumento de tensão causada por grupos criminosos na região metropolitana do estado. Na segunda (23), 35 ônibus e um trem foram incendiados na zona oeste do Rio em represália à morte de um miliciano.

Nesta manhã, o presidente Lula comparou, o Rio de Janeiro à Faixa de Gaza, região do Oriente Médio que passa por guerra há quase 20 dias.

O petista disse também que o conflito com milicianos na capital fluminense é problema do país e que precisa de solução. A declaração foi dada durante discurso na primeira reunião do Conselho da Federação.

Também na manhã desta quarta, Dino afirmou na Câmara dos Deputados, que o governo federal auxilia o Rio de Janeiro na coordenação da segurança pública, mas que não substituirá o estado.

"O problema da violência no Rio de Janeiro, era muito fácil eu ficar vendo aquelas cenas que ontem apareceram na televisão e antes de ontem, que parecia a própria Faixa de Gaza de tanto fogo e de tanta fumaça, e dizer 'é um problema do Rio de Janeiro, é um problema do prefeito Eduardo Paes, é um problema do governador [Claudio] Castro'. Não. É um problema do Brasil. É um problema nosso que nós temos que tentar encontrar a solução", disse Lula.

Os ataques aos veículos foram uma resposta à morte de Matheus da Silva Rezende, o Faustão, um dos líderes da maior milícia do estado, durante troca de tiros em uma ação da Polícia Civil.

A situação deixou o trânsito caótico na zona oeste da cidade, com oito bairros afetados -diversas vias foram fechadas. Com isso, as estações ficaram lotadas de passageiros tentando retornar para casa. Filas com dezenas de pessoas se formaram também em pontos de ônibus.

O governador Castro determinou que todas as forças policiais estejam nas ruas do estado para garantir a segurança e a circulação da população.

Grupo de Trabalho

O governador anunciou, na última terça-feira (24) a criação de um grupo de trabalho conjunto com o Ministério da Justiça e Segurança Pública para investigar a lavagem de dinheiro das máfias que atuam no território fluminense. O anúncio ocorreu após reunião com o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, no Palácio Guanabara, dentro do processo de integração entre os governos federal e estadual para combater as organizações criminosas.

"Hoje, tratamos a integração entre as polícias Federal e Civil na questão da lavagem de dinheiro, que é outro ponto importantíssimo para que a gente possa asfixiar financeiramente essas máfias. Semana que vem esse grupo de trabalho já deve estar instituído e começando a funcionar dando continuidade a um trabalho que já vinha sendo desenvolvido. Queremos dar um resultado perene, que funcione, que asfixie essas máfias e permita dar uma vida melhor para nosso povo", explicou Castro.

Segundo o governador, o GT terá a participação de representantes de instituições de segurança e controle financeiro, como a Fazenda Estadual, Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e a Secretaria Nacional de Segurança Pública, entre outros.

Sobre a necessidade da intervenção federal, o governador afirmou não ver necessidade e que o momento sugere integração. "Nós estamos avançando no processo de integração. Os agentes da Força Nacional já estão aqui nas rodovias federais. Eu pedi ao presidente da República, e também já pedi agenda ao ministro da Defesa, José Múcio, para termos o reforço da Marinha atuando na Baía de Guanabara e nos portos do Estado, além do reforço da Aeronáutica nos aeroportos, que é por onde entram drogas e armas. O próprio crime de lavagem de dinheiro é um crime federal. É muito importante que a Receita Federal e a Polícia Federal estejam nos auxiliando neste tipo de combate", afirmou Castro.

Com informações de Marianna Holanda (Folhapress)