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As coincidências históricas do novo embate de Israel e Hamas

Guerra de 1973 fez o Egito ser a primeira nação árabe a reconhecer o estado judeu de Israel | Foto: Willem van de Poll/ Wikimedia Commons

Por Marcelo Perillier e
Barros Miranda

Há muitas teorias políticas e históricas nas quais podem ser embasadas esta pólvora que se explodiu novamente no Oriente Médio, sobre a questão de Israel, Hamas, Palestina e Jerusalém. Nem todas estão corretas, muito menos são as verdadeiras, mas servem de alento para sabermos um pouco mais sobre este conflito, que está longe de um fim.

Pesquisadores seguem uma linha de que a aproximação de países árabes com Israel, com intermediação dos Estados Unidos, pode ter inflado o Hamas a atacar o estado judeu. O estopim, para esses pesquisadores, teria sido uma aproximação entre Israel e Arábia Saudita, no intuito do reconhecimento do território israelense como um país. Afinal, a nação é uma das mais ricas da região e poderia gerar uma grande mexida no tabuleiro deste imbróglio, aumentando ainda mais o poder dos judeus para terem seu estado referendado no Oriente Médio, de predominância árabe.

Há também a histórica, que nos reflete a duas datas de grande importância, sendo que uma delas está em celebração de ano cheio — para a historiografia, esses anos são aqueles terminados em final 0 e 5.

Em 6 de outubro de 1973, há 50 anos, no período do ano novo judaico, data em que os adeptos à essa religião se reclusam para pedir perdão aos pecados cometidos no ano anterior e bênçãos para o seguinte, o Egito invadiu Israel. A chamada Guerra de Yom Kippur durou até o dia 26 e outubro, a nação africana saiu derrotada e, como consequência, acabou sendo o primeiro país árabe a reconhecer oficialmente o Estado de Israel.

Cronologia da guerra

Yom Kippur, porém tem seu significado vindo de outro conflito: a Guerra dos Seis Dias, de 1967, onde Egito e Síria, juntamente com a Jordânia, resolveram invadir Israel e dominar o território judeu.

Em maio daquele ano, os governos da Síria e da Jordânia apoiaram grupos guerrilheiros que fizeram parte da Organização para a Libertação da Palestina a movimentar na fronteira com Israel. O governo egípcio seguiu o mesmo caminho, ordenando, inclusive, que tropas da ONU evacuassem a Península do Sinai, porta de entrada do país com o Oriente Médio, para seus exércitos ficarem com o caminho livre para um possível embate. Percebendo essa movimentação dos vizinhos, Israel se lançou ao ataque em várias frentes, em 5 de junho.

Com suas tropas praticamente aniquiladas, com 306 de 360 aviões de guerra destruídos, o Egito foi, praticamente, dominado pelo exército judeu. Sírios e jordanianos também tiveram o mesmo desfecho, com, no total computando 4.300 soldados mortos e 6.120 feridos. Já Israel teve 980 soldados mortos e 4.520 feridos

A duração do embate, de seis dias, foi crucial para o povo judeu se expandir ainda mais, dominando áreas das Colinas de Golã, Jerusalém Oriental, parte da Cisjordânia e a Península do Sinai, a fronteira do Egito com o Oriente Médio.

O conflito

Quase que num Déjà vu, o Egito, novamente, ataca Israel pela Península do Sinai, com grande ofensiva, mas, desta vez, sem grande contrapartida dos judeus, já que estavam na semana do perdão.

A contraofensiva de Israel, mais uma vez, foi certeira, com seus navios de guerra expulsando os árabes do território do Sinai e da borda com o continente africano.

O tratado de paz entre os dois países, com intermédio dos Estados Unidos, foi assinado em Camp David, em Maryland, com o Egito tendo que reconhecer o Estado de Israel.

O Hamas

Passados alguns anos dessa guerra, Israel continuava a ter seu território com grande valor para as nações, enquanto os árabes não tinham a Palestina na mesma moeda. Além disso, as áreas que os judeus dominaram na Guerra dos Seis Dias ainda estavam sob seu domínio, contrariando a prerrogativa da ONU de 1948, na formação dos dois estados no antigo território britânico da região.

Assim, um grupo terrorista foi formado, com o intuito de, na força, obter as terras que, na visão deles, lhe pertencem. Criado a partir de uma ramificação da Irmandade Muçulmana, o Hamas defende a islamização da sociedade e o fim dos judeus na região que consideram sagrada.

Diante de toda a cronologia recente, muitos ainda podem acreditar que o ataque do Hamas em Israel não foi por acaso, principalmente no período histórico em que estamos: os 50 anos da Guerra de Yom Kippur, que provocou o reconhecimento do primeiro país árabe de Israel e uma maior proeminência política dos judeus na região.

Mesmo assim, o Hamas não tem apoio de todos os palestinos e nem pode dizer que é uma guerra entre judeus e árabes. E sim uma luta contra um grupo extremista, apoiado por alguns países árabes, com Irã e Síria, para acabar com o Estado de Israel.

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