Por: Rudolfo Lago -BSB

Guerra no Oriente Médio tira o sono do brasileiro

Brasileiros vindos de Israel: a guerra preocupa | Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

O brasileiro está triste e preocupado com a guerra entre Israel e o grupo extremista Hamas, no Oriente Médio. E não apenas porque lá inocentes são vítimas da escalada da guerra. Mas também por considerarem que, caso a guerra se agrave e avance por muito tempo, ela pode acabar afetando também o Brasil e a sua economia. Sabedores de que o mundo é cada vez mais globalizado, os brasileiros sabem que um conflito no Oriente Médio afeta também o país. Especialmente porque neste momento também acontece uma guerra na Europa, entre a Rússia e a Ucrânia.

Esse sentimento já havia sido observado na pesquisa Genial/Quaest que foi divulgada na quarta-feira (25). Mas fica mais explícita na rodada de outubro do Radar Febraban, pesquisa bimestral que o Instituto Ipespe faz para a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). A pesquisa mapeia as expectativas dos brasileiros com relação à sua vida pessoal e a economia.

De acordo com o Radar Febraban, 83% dos entrevistados estão preocupados com a guerra entre Israel e o Hamas. E consideram que ela poderá trazer impactos negativos para a economia. Com isso, embora o percentual ainda seja considerado alto, diminui o otimismo do brasileiro com relação ao futuro. A expectativa de que o país vai melhorar diminui de 59% para 56% com relação à rodada anterior.

Com relação à imagem a respeito do país neste momento, houve estabilidade. Para 48%, o Brasil melhorou com relação a 2022. Esse é o mesmo percentual observado antes. Mas houve uma redução de três pontos entre os que consideram que está igual (33% para 30%). E subiu um ponto os que consideram que piorou (19% para 20%).

Aprovação do governo

Com esse ambiente, houve uma redução na aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Menor, porém, da que foi observada na pesquisa Genial/Quaest. A aprovação do governo teve uma queda de dois pontos percentuais, de 55% para 53%. A desaprovação aumentou de 38% para 40%.

Saúde é a primeira preocupação observada pelo cidadão, mencionada por 29%. Emprego e renda vem em seguida, com 26%. Em seguida, educação, com 14%. E segurança, item mencionado por 8%.

O Ipespe ouviu 2 mil pessoas entre os dias 12 e 16 de outubro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais. O intervalo de confiança é de 95,5%.

Notícias

“A guerra entre Israel e Hamas acontece em meio a notícias positivas e negativas sobre a economia”, observa o presidente do Conselho Científico do Ipespe, o cientista político Antonio Lavareda.

“De um lado, Copom e Banco Central estimam o crescimento da renda disponível das famílias brasileiras e queda da inflação”, prossegue Lavareda, referindo-se ao Comitê de Política Monetária (Copom), que estabelece a taxa básica de juros brasileira. “De outro lado, o IBGE registra recuo no varejo no terceiro trimestre e o Índice de Atividade Econômica do Banco Central indica recuo na atividade econômica entre julho e setembro”, continua. O IBGE é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

“Além da tragédia humanitária do conflito no Oriente Médio, soma-se a apreensão com o impacto de eventual escalada regional sobre a elevação do preço do petróleo. No Brasil, isso poderia gerar um efeito dominó sobre o IPCA, o preço dos combustíveis, dos alimentos e de outros produtos, afetando diretamente o consumidor”, conclui Lavareda. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Ampliado) é o principal medidor da inflação.

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