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70% dos professores acham benéfico incluir criança com deficiência em classe regular

Por: Havolene Valinhos

Pesquisa Datafolha, realizada a pedido da Fundação Lemann com colaboração do Instituto Rodrigo Mendes, mostra que 70% dos quase mil professores entrevistados acreditam que a escolarização de crianças com deficiência feita em conjunto com alunos de classes regulares proporciona benefícios educacionais a todos.

O levantamento foi realizado entre os dias 9 de novembro e 1º de dezembro do ano passado, por meio de entrevistas por telefone, e ouviu 967 docentes de ensino fundamental e ensino médio de redes públicas de todas as regiões do país.

De acordo com a pesquisa, 95% dos entrevistados disseram que conhecem os direitos dos estudantes com deficiência de ter acesso a escolas comuns e compartilhar seus espaços com os demais.

"O fato de a maioria dos professores acreditar no sistema de ensino inclusivo é fundamental porque é esse profissional que tem contato direto com o estudante, com a família dele no dia a dia, está na linha de frente e investirá na aprendizagem eficaz de todos os alunos de sua sala", diz Luiza Corrêa, coordenadora de Advocacy do Instituto Ricardo Mendes.

Segundo Corrêa, isso não retira a obrigação das redes de ensino de investirem em formação continuada, metodologia e capacitação para esses docentes.

Para 12% dos professores entrevistados, a inclusão prejudica os estudantes sem deficiência. Desse percentual 11% dão aulas para os anos iniciais do ensino fundamental; 14% são professores de anos finais do ensino fundamental; e 9% ensinam os alunos do ensino médio.

A região Norte tem o grupo de docentes com o menor porcentual de concordância com a afirmação de que há benefício a todos os estudantes (57%). Também está na região o maior porcentual de docentes que dizem que a inclusão prejudica os demais estudantes (17%).

A análise afirma que, embora os números apresentados apontem positivamente para a relação dos professores com a educação de alunos com deficiência, 40% dos docentes disseram nunca ter feito formação sobre inclusão. Do total de educadores, 33% têm formação na perspectiva inclusiva, 7% em um tipo específico de deficiência e 19% em ambos.

O levantamento diz ainda que são os docentes do Nordeste (49%) e do Norte (41%) que formam os maiores grupos dos que nunca fizeram esse tipo de formação. Na região Sudeste, são 40% e, na Sul, 28%, tal como na região Centro-Oeste.

Para Corrêa, uma das explicações para parte dos docentes opinar que a inclusão pode prejudicar os estudantes sem deficiência decorre, por vezes, da insegurança de trabalhar com o aluno com deficiência, o que poderia ser resolvido com uma formação continuada. "As regiões Norte e Nordeste são onde os professores tiveram menos formação sobre o tema, o que mostra a importância de quebrar essa barreira com conhecimento. Assim, mais professores acreditarão na inclusão na sala de aula."

Corrêa afirma também que a meta é chegar em 100% de classes inclusivas no país.

"Os dados do Censo Escolar de 2020 e 2021 indicam que 92% dos estudantes público-alvo da educação especial estão matriculados nas classes comuns. Ocorreu um enorme avanço desde 2007, quando iniciamos a busca por esse objetivo, de cumprir a legislação que determina que o sistema educacional seja inclusivo, não pode segregar os estudantes."

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