Por: POR FERNANDO MOLICA

PL-raiz já admite racha com Eduardo Bolsonaro

Deputado afirma que quer tentar a Presidência | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Ao insistir num discurso radical e rejeitar qualquer possibilidade de concessões, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) revela a disposição de tentar não permitir que a corrente política liderada por seu pai seja diluída por uma direita mais flexível.

Integrantes do PL-raiz — pouco afeito a compromissos ideológicos — admitem, em conversas reservadas, que não será fácil conciliar o ímpeto bolsonarista expresso por Eduardo com o pragmatismo do presidente do partido, Valdemar Costa Neto: em 2002, ele abençou a entrada de José Alencar, como candidato a vice-presidente, na chapa encabeçada por Lula.

A possibilidade de o 03 sair do PL para disputar a presidência já é levada a sério; se ele permanecer solto e elegível.

 

Diz que sim

Condenado, prestes a iniciar o cumprimento de sua pena, Jair Bolsonaro dá sinais dúbios. Permite que políticos ligados a ele vazem para jornalistas informações de que pede moderação ao filho autoexilado nos Estados Unidos, onde lidera campanha de retaliação ao Brasil.

Faz que não

Esses mesmos aliados divulgam que o ex-presidente aceitaria abrir mão da anistia em troca de uma redução de penas e da certeza de que teria direito a prisão domiciliar. Mas isso não foi verbalizado por nenhum de seus filhos ou pela mulher, Michelle.

Michelle e a candidatura — a primeira-dama

Mulher de Bolsonaro reitera intenção do marido | Foto: Isac Nóbrega/PR

Semana passada, Fabio Wajngarten, ex-advogado de Bolsonaro e seu ex-chefe de Comunicação Social, usou redes sociais para desmentir que o amigo aceitara qualquer negociação.

Incapaz de confiar até mesmo nos políticos de seu círculo mais próximo, Bolsonaro tem ouvido muitas sugestões, dá sinais de que pode concordar com uma ou outra, mas mantém a radicalização.

No sábado, em Ji-Paraná, Rondônia, Michelle disse que não quer ser candidatada a presidente, mas a primeira-dama. Ou seja, aposta que o marido, inelegível e condenado, poderá ser candidato a presidente em 2026.

Tabelinha

No PL-raiz e no Centrão ninguém acredita que Eduardo, apesar de discordâncias com o pai, atue à revelia dele. Ao insistir numa chapa à Presidência encabeçada por um Bolsonaro ele replica a estratégia de Jair de não indicar qualquer aliado para a disputa do cargo.

Mistério

A dubiedade deverá acabar nas próximas semanas, com a provável votação do projeto de diminuição de penas para golpistas. O PL bolsonarista insiste que não aceitará nada menos que a anistia — a questão é saber se essa posição de tudo ou nada será mantida.

Risco do fim

A aceitação de punição menor para Bolsonaro e outros condenados indicará uma possibilidade de conciliação com setores da direita. A grande questão é a que o ex-presidente e sua família temem que, diluído em outra candidatura conservadora, o bolsonarismo acabe.

Miro na pista

Deputado federal por 11 mandatos (sua primeira posse foi em 1971), ministro das Comunicações no primeiro governo Lula, o advogado Miro Teixeira, de 80 anos, foi lançado pelo PDT para concorrer ao Senado em 2026. Em 2018, ele ficou em sétimo lugar na disputa.