Caso Orlando Diniz envergonha a representatividade empresarial

As novas estampas do escândalo envolvendo o mau uso do dinheiro de instituições representativas da classe empresarial demonstram o enraizamento do espírito da corrupção na atividade sindical

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Por Claudio Magnavita*

As novas etapas do escândalo envolvendo o mau uso do dinheiro de instituições representativas da classe empresarial demonstram o enraizamento do espírito da corrupção na atividade sindical.


As recentes decisões do polêmico ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), dão guarida e protegem gente como Orlando Diniz, que jogou na lama a imagem da Federação do Comércio do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), com o silêncio cúmplice de muitos de seus pares. Diniz agiu sozinho? Onde estavam o Conselho Fiscal da entidade e os demais membros da sua diretoria? Existem atas que discordam dos métodos e exageros cometidos pelo larápio confesso?


O atual gestor, Antônio Florêncio Queiroz, era o vice de Orlando. Ele denunciou ou expressou publicamente repúdio aos atos cometidos? Algumas velhas práticas continuam em curso. Até a Odebrecht já fez o seu dever de casa e o “mea culpa” público. Como um homem sozinho conseguiu desviar milhões?


A série de atos de corrupção do ex-presidente da Fecomércio-RJ (uma caixa preta de desvios que o deixa livre, leve e solto, afrontando a população séria do Rio e do Brasil) vai além, chegando ao uso suspeito de verbas de publicidade para calar veículos de comunicação. O noticiário aponta que os investigadores já localizaram o personagem que seria o carregador de malas do esquema dos advogados, financiados com o dinheiro da Fecomércio-RJ, dos empresários fluminenses. Os dados armazenados no chip de celular dele geram muitas expectativas aos investigadores, informa a coluna Radar, de “Veja”. Repita-se: está livre, leve e solto, para a vergonha de quem acredita em Justiça no Brasil.


Uma entidade de qualquer setor de atividade depende de credibilidade para bem representá-la. No caso, o despreparado Orlando Diniz, com a omissão de sua diretoria, jogou no lixo a credibilidade da Fecomércio-RJ. O ministro Paulo Guedes está certo em querer mexer nas entranhas das confederações, federações e, principalmente, do sistema S, a elas atreladas.

 

*Claudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã