Lula: isenção do IR injetará R$ 28 bilhões na economia
Especialistas avaliam que medida pode ser eficaz para a economia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na noite de domingo (30), que a desigualdade do Brasil é a menor da história. Em cadeia de rádio e televisão, ele falou à população sobre a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a taxação para altas rendas. As medidas valerão a partir de janeiro. A sanção ocorreu na última quarta-feira (26), em Brasília. Mas, serão injetados R$ 28 bilhões na economia mesmo? Especialistas avaliam que a medida pode ser eficaz para fazer o dinheiro girar no mercado.
O especialista em finanças e professor do Ibmec Brasília, Marcos Sarmento Melo, explica que pode parecer contraditório o governo isentar de pagamento de Imposto de Renda para uma parcela grande da população e ainda assim esperar maior movimentação de dinheiro na economia, mas há sua lógica.
"O Estado institui tributos para custear os serviços públicos que em princípio o setor privado não pode suprir, como justiça, segurana pública e outros. Quando o Estado reduz o volume de dinheiro obtido pela cobrança de impostos, esse dinheiro é usado pela população da forma que lhe aprouver.
Há uma máxima em economia que diz ser o indivíduo quem toma a decisão mais adequada para geração de riqueza ao usar os recursos", comenta.
Segundo ele, parte-se do pressuposto de que as pessoas tomam as melhores decisões de gastos e não o governo. Se parte do dinheiro deixa de ir ao governo e fica nas mãos do público, tende a se observar uma maior geração de riqueza ao longo do tempo. Por outro lado, diz o professor, a isenção de Imposto de Renda para remuneração até R$ 5 mil e proporcional na faixa entre R$ 5 mil e R$ 7,35 mil é apenas um dos lados da medida.
Ele aponta que em relação a remuneração acima de R$ 50 mil mensais, que terá alíquota maior de Imposto de Renda, "o que se espera é que a maior arrecadação correspondente às maiores rendas compense a renúncia de arrecadação daqueles com menor renda", diz o professor.
Já o economista e também professor do Ibmec pontua que "a injeção de recursos na economia visa, principalmente, o consumo e a quitação de dívidas. Além disso, representa uma correção histórica, pois implica na atualização de uma tabela que não era corrigida há alguns anos".
A recuperação desses recursos pelo governo se dá, em parte, por meio do consumo, diz Braga. "As despesas das pessoas geram tributos sobre os produtos e serviços, através da tributação das pessoas com maior renda".
