Afroempreendedorismo: uma força em ascensão

Visão e determinação estão redefinindo os negócios no Brasil

Por Martha Imenes

Afroempreendedorismo feminino está em ascensão

Por Martha Imenes

As mulheres negras donas de negócio registraram, no último trimestre de 2024, a maior renda média da história no Brasil. De acordo com levantamento realizado pelo Sebrae a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, na média a renda dessas empreendedoras foi 30% maior que a registrada no mesmo período de 2012.

Entretanto, apesar do crescimento recorde, as mulheres negras continuam tendo um rendimento 47% menor que a de empreendedoras brancas e 61% inferior a de homens brancos à frente de um negócio. Esse resultado chama atenção para o fato de que, mesmo com mais escolaridade, as empreendedoras negras continuam atingidas por uma profunda desigualdade. De acordo com o levantamento, ao todo, 65,4% delas têm o ensino médio ou mais; no caso dos empreendedores brancos, esse dado fica em 65,2%.

A diferença nos números confirma a existência de barreiras estruturais enfrentadas por mulheres negras, relacionadas ao acesso a crédito, à formação profissional, à inserção em redes de negócios e à superação do racismo estrutural.

Mesmo diante dessas limitações, as afroempreendedoras têm ressignificado espaços econômicos e culturais, fortalecendo iniciativas de impacto social e criando redes de apoio que valorizam identidade, diversidade e inovação.

Caso de sucesso

A médica e empresária Sabrína Aroucha, fundadora da Clínica de Pediatria e Saúde da Mulher - Caic, no bairro Estreito, em Florianópolis, ilustra esse movimento. Para ela, o maior desafio não foi exatamente no campo do empreendedorismo, mas no exercício da medicina. "Como mulher negra, percebi que, em muitos espaços da carreira médica, as portas simplesmente não se abriam. Empreender foi, então, uma oportunidade de me reinventar", conta.