Juros do rotativo de agosto chegam a 451,5% ante 446,6%

Endividamento das famílias teve alta de 48,6% em agosto

Por Martha Imenes

BC publicou novas regras para gestão de riscos

Os brasileiros continuam enfrentando um dos maiores vilões do orçamento doméstico: os juros do cartão de crédito para pessoa física e empresas em agosto chegou a 451,51% ao ano, ante os 446,6% registrados em julho, segundo informações das Estatísticas Monetárias e de Crédito divulgadas pelo Banco Central (BC). Com taxas de juros estratosféricas, e que não param de subir, a modalidade se mantém como uma das mais caras do mercado. No entanto, especialistas apontam caminhos para escapar dessa armadilha.

Segundo analistas financeiros, a principal forma de evitar o rotativo é simples: pagar o valor total da fatura até o vencimento. "O pagamento integral elimina qualquer cobrança de juros. É a forma mais eficaz de manter o controle", afirma Mariana Lopes, educadora financeira.

Quando isso não é possível, o parcelamento da fatura pode ser uma alternativa menos onerosa. Bancos costumam oferecer condições com juros mais baixos que os do rotativo, embora ainda seja necessário cautela. "O parcelamento é uma saída emergencial, não uma solução recorrente", alerta Mariana.

Aplicativos de controle financeiro e alertas de vencimento ajudam o consumidor a se organizar. Estabelecer um limite pessoal de gastos — inferior ao limite do banco — também é recomendado. "O cartão não deve ser visto como extensão da renda, mas como ferramenta de conveniência", diz a especialista.

Segundo o Banco Central, a inadimplência - atrasos acima de 90 dias - registrou 3,9% em agosto, sendo 4,8% nas operações para pessoas físicas e 2,6% com pessoas jurídicas.

Pequeno recuo

O endividamento das famílias - relação entre o saldo das dívidas e a renda acumulada em 12 meses - ficou em 48,6% em agosto, redução de 0,2% no mês e aumento de 0,7% em 12 meses. Com a exclusão do financiamento imobiliário, que pega um montante considerável da renda, o endividamento ficou em 30,4% no sétimo mês do ano.

Em casos de endividamento, Mariana orienta a negociar com o banco pode abrir portas para linhas de crédito com juros menores, como o empréstimo pessoal ou consignado.