A Fitch Ratings elevou o Rating Nacional de Longo Prazo 'A (bra)' da Alliança Saúde e Participações S.A. (Alliança). O rating, de qualidade alta, foi mantido em perspectiva positiva. O portfólio de serviços é concentrado em exames de imagem (86% da receita), segmento de tíquete médio elevado e maior intensidade de capital.
Segundo a agência de classificação de risco de crédito, o rating da Alliança reflete a sua mediana escala de negócios no fragmentado e competitivo setor de medicina diagnóstica no país, bem como sua moderada diversificação geográfica e concentração de receitas em serviços de imagem. O grupo, fundado em 2010, é formado por 25 empresas com mais de 90 unidades ambulatoriais e presença em mais de 20 hospitais.
O relatório destaca que a perspectiva positiva incorpora a expectativa de contínuos ganhos de escala e avanços na rentabilidade da Alliança por meio da adição de novos contratos, parcerias e aquisições, aliados à manutenção de alavancagem líquida inferior a 3,5 vezes no horizonte do rating.
A análise também considera que a Alliança terá êxito em refinanciar seus passivos de curto prazo, com base nas negociações em curso. Uma frustração nessa premissa poderia levar a uma ação de rating negativa a curto prazo.
A Fitch disse que a Alliança apresenta escala de negócios mediana em comparação com os principais pares de medicina diagnóstica do país, o que limita seu poder de barganha com as contrapartes.
A companhia aumentou a produtividade das máquinas de ressonância magnética (RM), segmento que responde por 35% das receitas. Ao final de junho de 2025, este indicador atingiu trinta exames por equipamento/dia, um aumento de 40% versus 2022.
No cenário-base da Fitch, a empresa deve operar 110 máquinas de RM em 2025 e 134 em 2026, com produtividade entre trinta e 31 exames/máquina/dia. Em junho de 2025, a Alliança contava com 82 unidades de atendimento, 106 equipamentos de RM e 173 salas de coleta, distribuídos em 12 estados brasileiros, com maior exposição a São Paulo, Minas Gerais e Bahia (84% da receita).
A agência espera que a Alliança continue proativa na gestão de passivos, com alongamento do perfil de dívida, de forma a atenuar riscos de refinanciamento e pressões sobre o rating. A empresa possui vencimentos de dívida de R$172 milhões até dezembro de 2025, R$ 127 milhões em 2026 e R$154 milhões em 2027.
Nos últimos dois anos, a dívida bruta teve redução de R$ 789 milhões, após aportes de capital de R$ 511 milhões dos acionistas controladores, realizados entre setembro de 2023 e dezembro de 2024, e assunção de dívidas, cujos créditos deverão ser convertidos em futuro aumento de capital de R$ 532 milhões, porém sem efeito-caixa.
A margem de Ebitda da Alliança atingiu 18% no primeiro semestre de 2025 (1S25), ante 15% no 1S24, retornando aos níveis pré-pandemia de Covid-19. A melhora decorre de eficiência operacional, por meio de maior produtividade das máquinas de RM, digitalização de processos, renegociação com fornecedores, fechamento de unidades com desempenho abaixo do esperado e reestruturação de pessoal.
A companhia também tem buscado fortalecer as relações comerciais com operadoras e grupos hospitalares, retomando credenciamentos em suas unidades, o que deve contribuir para avanços na receita a médio prazo. As aquisições anunciadas de Cura e Meddi (esta última sujeita à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) devem adicionar cerca de R$ 300 milhões ao faturamento bruto da Alliança a partir de 2026. No cenário-base da Fitch, a margem de Ebitda deve permanecer entre 17% e 19% nos próximos anos, versus 17% em 2024 e à média de 10% entre 2021 e 2023.
O cenário-base da Fitch projeta índice dívida líquida/Ebitda abaixo de 2,5 vezes nos próximos anos — nível forte para a categoria de rating atual — sustentado pela expectativa de fortalecimento contínuo da geração de caixa operacional da Alliança. Este índice compara-se a 2,9 vezes em 2024 e à média de 8,3 vezes entre 2021 e 2023.
A Fitch projeta Ebitda (pré-IFRS) entre R$ 220 milhões e R$ 255 milhões em 2025 e 2026, e fluxo de caixa das operações (CFO) em torno de R$160 milhões e R$ 95 milhões, respectivamente, após os patamares negativos reportados nos últimos três anos.
Juros elevados e necessidades de capital de giro devem continuar a consumir boa parte da geração operacional de caixa da Alliança nos próximos anos, embora a extensão de prazos com fornecedores em 2025 tenha atenuado os impactos sobre o caixa da empresa.
O cenário-base da Fitch projeta fluxo de caixa livre (FCF) ao redor de R$ 70 milhões em 2025 e de neutro a ligeiramente negativo em 2026, após investimentos médios próximos a R$ 80 milhões e desembolsos acumulados de dividendos de R$ 20 milhões no biênio.