Por: Martha Imenes

Produção florestal do país cresce 16,7% e chega a R$ 44,3 bi

Em comparação com 2019, a produção florestal mais que duplicou, chegando a 140% | Foto: TV Brasil

As florestas brasileiras geraram produção econômica de R$ 44,3 bilhões em 2024, alta de 16,7% ante 2023, com destaque para a silvicultura - produção retirada de áreas plantadas -, que responde por 84,1% (R$ 37,2 bilhões) do resultado.

Os dados fazem parte da pesquisa Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Conforme o levantamento, em comparação com 2019, a produção florestal mais que duplicou, chegando a 140% de aumento. A alta do valor de produção pode ser explicado pela associação de mais extração e preços de venda mais altos.

A silvicultura segue na dianteira, os demais respondem por 15,9% (R$ 7 bilhões) do extrativismo - produção retirada de áreas naturais, como matas e florestas. Desde 1998, a produção silvícola supera a extrativa.

O gerente de Agricultura do IBGE, Carlos Alfredo Barreto Guedes, ressalta que nem toda forma de extração vegetal é ilegal. "Muito do extrativismo são extrações autorizadas", diz.

"O Brasil é um país florestal por vocação. Possui a maior área de floresta tropical do mundo e excelentes condições climáticas para produção de florestas plantadas (silvicultura). Esse crescimento da silvicultura nos últimos anos só evidencia essa vocação", comemora o diretor de Florestas e Restauração do Imaflora, Leonardo Sobral.

Ele explica que um estudo produzido pelo Imaflora no final de 2023 já mostrava que mais de 81% da produção de madeira serrada no Brasil é oriunda de florestas plantadas.

"A expansão do setor florestal é estratégica para o Brasil, pois ao mesmo tempo que gera emprego e renda, contribui para a conservação dos remanescentes de florestas nativas. Em média, para cada 10 hectares de floresta plantada, tem-se 3 hectares de floresta nativa preservada", afirma Sobral.

Distribuição regional

A pesquisa aponta que 4.921 dos 5.570 municípios registraram produção florestal. Em termos regionais, o Sul e o Sudeste concentram 65,7% da produção florestal.

Sudeste: 34,7%

Sul: 31%

Centro-Oeste: 13,5%

Norte: 11,1%

Nordeste: 9,7%

Topo do ranking

Com uma produção de R$ 8,5 bilhões em 2024, Minas Gerais responde por 22,8% do total produzido pelo país e ocupa o topo do ranking entre as unidades da Federação, seguida pelo Paraná, com R$ 6,3 bilhões (17% do total nacional).

Entre os municípios, a lista é liderada pela cidade paranaense General Carneiro, com R$ 674,4 milhões.

O ranking segue com Três Lagoas (MS), João Pinheiro (MG), Brasilândia (MS) e Buritizeiro (MG). Todos alcançam a posição de destaque por causa da produção proveniente de áreas plantadas.

Maior parte da silvicultura é de atividade madeireira

A produção econômica da silvicultura é quase que toda (98,3%) de atividade madeireira. Dentro desse grupo, a produção de papel e celulose tem a maior participação:

Madeira em tora para papel e celulose (40,1%)

Madeira em tora para outras finalidades: (24,5%)

Carvão vegetal: (21,4%)

Lenha: (12,2%)

Outros: (1,7%)

A produção de madeira em tora para papel e celulose foi recorde em 2024, chegando a 122,1 milhões de metros cúbicos (m³). São números que ajudam o Brasil ser campeão mundial em exportação de celulose - principal matéria-prima da indústria de papel. Desde 2022, o país supera o Canadá.

Em 2024, o Brasil vendeu para o exterior 19,7 milhões de toneladas, gerando US$ 10,6 bilhões. Os principais destinos foram China (43,7%), Estados Unidos (15,8%), Itália (8,8%) e Países Baixos (8,3%).

De acordo com o IBGE, a posição de destaque do Brasil na produção de celulose foi alcançada "devido às condições climáticas e de solo favoráveis para o crescimento rápido de florestas, aliadas a investimentos em práticas sustentáveis, que o tornam altamente competitivo no mercado internacional".

Celulose é um dos 700 produtos que ficaram de fora da lista do tarifaço imposto pelos Estados Unidos em agosto de 2025, que impõe taxa de até 50% em cima de parte das exportações brasileiras.

Área de 9,9 milhões de hectares

A área de floresta plantada para silvicultora no Brasil chega a 9,9 milhões de hectares (ha), em 3.552 municípios. Para ter dimensão, é praticamente o tamanho do estado de Pernambuco. Dessa área, 77,6% são dedicados ao cultivo do eucalipto, à frente de pinus (18,6%) e outras espécies (3,8%).

O eucalipto é a madeira utilizada em praticamente toda obtenção de carvão vegetal (98,4%), 86,9% da lenha e 87,4% para papel e celulose.

O analista Carlos Alfredo Guedes avalia que essa preferência se explica por características da espécie, incluindo o tempo de cultivo.

Já o município com maior floresta plantada da espécie é Ribas do Rio Pardo, no Mato Grosso do Sul. São 380,7 mil hectares.

No extrativismo vegetal, a atividade madeireira também é a predominante, com 65,6% dos R$ 7 bilhões gerados. Em seguida, o outro grupo de destaque é formado pelos produtos alimentícios, que respondem 28,6% do valor gerado (R$ 2,0 bilhões).

Dentro desse grupo, metade é representado pelo açaí (50,9%). Em seguida figuram erva-mate (26%) e castanha-do-pará (9,7%).

"O açaí amazônico é coletado de uma palmeira nativa regional, concentrando 92,9% de sua extração na região Norte. Em 2024, essa produção foi de 247,5 mil toneladas", diz o IBGE.

O Pará registrou a maior produção de açaí, com 168,5 mil toneladas (68,1% do total nacional). Dos dez municípios com maiores volumes, oito são paraenses.

Limoeiro do Ajuru, no nordeste do estado, ostenta o título de maior produtor brasileiro, com 20,2%.

Com informações da Agência Brasil