A nova plataforma digital anunciada pela Receita Federal, está sendo chamada de Super Pix e não é à toa: a ferramenta será 150 vezes maior que o Pix e terá capacidade de processar 70 bilhões de documentos anualmente. Esse novo sistema, segundo a Receita, vai viabilizar e estruturar o pagamento do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), previsto na reforma tributária sobre o consumo, aprovada em 2024 pelo Congresso Nacional e sancionada no início deste ano pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A ferramenta pretende recolher e distribuir valores em tempo real entre União, estados e municípios. A diferença entre o Pix e o Super Pix está na escala, segundo especialistas. Enquanto o Pix trabalha com três variáveis básicas (remetente, recebedor e valor), o novo sistema terá de lidar com cadeias de produção, créditos tributários e informações detalhadas sobre produtos e serviços, ficando 150 vezes maior em volume de dados.
Fiscalização contínua
Para empresas, isso significa entrar em um ambiente de fiscalização tributária contínua, no qual cada operação passa a ser monitorada e cada centavo de imposto imediatamente cobrado. Ou seja, direto na fonte de recebimento.
Na prática, o novo modelo funcionará como um radar permanente de transações, avalia Carlos Braga, CEO do Grupo Studio. Isso porque cada venda será registrada no ato, com cálculo automático do imposto e aplicação do split payment, mecanismo que divide os valores entre União, estados e municípios sem que o dinheiro passe pelo caixa das empresas.
O objetivo, pontua o executivo, é fechar as duas maiores portas de sonegação fiscal: a postergação do pagamento e a emissão de notas fiscais frias.
Conforme Braga, com a ferramenta também está prevista a devolução parcial de tributos às famílias de baixa renda, estimulando a emissão de notas fiscais mesmo em operações de pequeno valor.