Por: Martha Imenes

Golpes financeiros deram prejuízo de R$ 29 bilhões

Tentativa de golpe ocorre por aplicativo de mensagem, e-mail e ligações. Tenha cautela | Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

Queridinho dos brasileiros, o Pix virou parte do dia a dia, mas também se transformou em terreno fértil para golpes financeiros. Só entre julho de 2024 e junho de 2025, cerca de 24 milhões de brasileiros foram vítimas de fraudes com Pix ou boletos bancários, um prejuízo estimado em cerca de R$ 29 bilhões, conforme dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Do WhatsApp clonado, coleta de dados biométricos, a promessas de investimento relâmpago, os criminosos virtuais exploram a pressa e a distração das vítimas na correria do dia a dia.

"Hoje os golpes mais comuns são a clonagem de WhatsApp, falsas centrais de atendimento, promessas de retorno financeiro rápido, envio de comprovantes de Pix falsos e mensagens fraudulentas com links que levam a sites falsos", explica o advogado Stefano Ribeiro Ferri, especialista em Direito do Consumidor.

Sinal de alerta

Ferri lembra que os sinais estão quase sempre à vista. "Os sinais de alerta geralmente são: pedidos com senso de urgência exagerado, ofertas boas demais para serem verdade, links ou domínios estranhos, erros de português, solicitação de dados sigilosos e insistência em devolução imediata de valores supostamente enviados 'por engano'", esclarece.

Quando a fraude acontece, a reação precisa ser imediataexplica o advogado. "O primeiro passo é registrar um boletim de ocorrência e comunicar ao banco. É fundamental agir rápido por meio do Mecanismo Especial de Devolução (MED), do Banco Central, que permite bloquear e devolver valores em determinadas situações. Além disso, o consumidor deve guardar todos os comprovantes, conversas e dados do golpista", diz Ferri.

O especialista destaca que as instituições financeiras podem ser responsabilizadas sempre que houver vulnerabilidade do sistema ou falha de segurança".

 

Alerta sobre dados biométricos

Um golpe que circula na praça e chama a atenção por envolver a coleta indevida de dados biométricos para fraudes financeiras. Esse tipo de abordagem inclui argumentos enganosos - como promessas de brindes promocionais e alegações de fraudes inexistentes - para capturar a confiança das vítimas e justificar a solicitação de dados sensíveis, como reconhecimento facial e impressão digital. A maior incidência de ocorrência desse tipo está nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, mas o alerta se estende a todo o país.

Victor Thomazetti, superintendente de Prevenção a Fraudes do Itaú Unibanco, explica que os golpistas utilizam métodos para manipular as vítimas.

"A engenharia social está mais avançada devido às tecnologias emergentes e à vasta disponibilidade de dados disponíveis na internet. Os criminosos utilizam narrativas muito convincentes, que exploram gatilhos emocionais, como urgência e medo, para fazer com que as pessoas acreditem na legitimidade das solicitações. No caso da biometria, os golpistas estruturam um discurso que faz a vítima acreditar que fornecer esses dados é indispensável. O que recomendamos é: pare, pense e questione. Essa pausa crítica pode evitar o golpe", afirma o executivo.

Ele também esclarece os mitos sobre a biometria e destaca os esforços do banco para proteger seus clientes.

"A biometria, além de ser uma tecnologia extremamente segura, oferece uma experiência simplificada baseada em inteligência artificial avançada. No entanto, justamente por sua confiabilidade, se torna alvo de criminosos que buscam enganar as pessoas para obter acesso indevido", diz Thomazetti.