Por: Martha Imenes

Com juros de 446,6% ao ano, rotativo é arriscado

Uso consciente faz o cartão de crédito ser um aliado do consumidor | Foto: Freepik

A taxa de juros do cartão de crédito rotativo variou de 440,5% ao ano em junho para 446,6% em julho, conforme dados do Banco Central (BC). Com uma taxa tão alta especialista dá a dica: fuja do rotativo!

Um dos maiores erros relacionados ao cartão de crédito é pagar apenas o valor mínimo da fatura, alerta o presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos. Dados do Banco Central mostram que o juro médio do rotativo atingiu 455,1% ao ano em maio, com inadimplência de 54% no mesmo período.

Domingos orienta que, caso não seja possível quitar a fatura total, deve-se buscar outra linha de crédito que não ultrapasse 2,5% ao mês. 

No entanto, ele adverte que é preciso evitar novos empréstimos, como cheque especial ou crédito pessoal, para quitar dívidas do cartão. A prática agrava a situação financeira, reduzindo a renda disponível.

Quando utilizado com responsabilidade, o cartão de crédito pode ser um aliado do consumidor, avalia Domingos. Pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) em parceria com o Instituto Datafolha, mostram 87% dos consumidores fazem o pagamento integral da fatura no vencimento, evitando o crédito rotativo. A mesma pesquisa revela que 80% dos consumidores consideram o cartão de crédito um aliado no controle financeiro.

Apesar dos dados positivos, especialistas alertam para os riscos do uso inadequado. Domingos destaca que a maioria das mais de 70 milhões de pessoas inadimplentes no Brasil têm sua dívida originada do uso inadequado do cartão de crédito.

Segundo o especialista, a estratégia adequada para que cada consumidor escolha seu cartão passa por compreender que se trata de uma compra a prazo, não de uma extensão da renda pessoal.

 

Dicas para não cair em dívidas

Definir limites

O primeiro passo para o uso consciente do cartão envolve estabelecer limites adequados ao orçamento familiar. Domingos recomenda que o limite do cartão de crédito não ultrapasse 30% do salário ou ganho mensal. Para quem possui apenas uma fonte de renda, a orientação é manter apenas um cartão.

Mesmo com limite alto disponível, ele ressalta que é fundamental entender que não se deve acumular compromissos que não possam ser honrados na data de vencimento. A análise prévia da capacidade de pagamento deve considerar todos os gastos já programados.

Sem parcelamento

Embora o parcelamento sem juros seja atrativo, é necessário cautela. A facilidade pode levar ao comprometimento excessivo do orçamento futuro. Segundo orientações da Abefin, antes de parcelar qualquer compra, é necessário ter consciência de que isso trará custos mensais adicionais além das despesas já existentes.

O acúmulo de compras parceladas compromete o controle das finanças pessoais, já que as prestações se sobrepõem e acabam se confundindo com os gastos correntes. Para quem deseja abrir conta digital e utilizar um cartão online, a recomendação é trabalhar primeiro o orçamento pessoal.

Organização de gastos

Para transformar o cartão em ferramenta de organização, a sugestão é garantir o controle detalhado de todas as transações. Segundo pesquisa da Abecs, 70% das pessoas reconhecem que o cartão ajuda na organização de gastos durante o mês, já que todas as compras ficam registradas em um único extrato.