CORREIO ECONÔMICO | Tarifaço de Trump ameaça a mesa do brasileiro?

Por CORREIO ECONÔMICO

Preço dos alimentos no topo das preocupações

A semana começa com os economistas e investidores de olhos vidrados nos indicadores econômicos e os consumidores brasileiros atentos aos preços no supermercado.

A tensão surgiu após o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciar um tarifaço de 50% nas exportações brasileiras a partir de 1º de agosto. Os atingidos são café, carne e suco de laranja.

A lei de mercado prevê que quanto maior o volume de produtos em circulação, menor o preço. Mas, tem um quesito que impacta toda a cadeia produtiva: o dólar. E esse começou a esboçar alguma reação, tímida, mas é uma reação.

O economista e professor do Ibmec, Gilberto Braga, tranquiliza: "Calma, tudo pode mudar".

Cotação do dólar

Na sexta-feira a moeda fechou em R$ 5,572. Na quinta-feira, o dólar encerrou a sessão com alta de 0,78%, a R$ 5,5452. E isso pode impactar a mesa do brasileiro: muitos insumos utilizados na agricultura, na indústria e em outros setores, são em dólar.

Cadeia produtiva

O economista avalia que se o tarifaço de Trump for mantido, o dólar se manterá pressionado: "Dólar mais caro significa aumento de insumos de uma forma generalizada, dado que hoje as cadeias de produção são internacionalizadas". No entanto, ele acredita em acordo.

Impacto pontual no preço de produtos norte-americanos

De acordo com Braga, se o câmbio ficar apreciado – como tem reagido nesses primeiros dias – tende a encarecer o custo de produção no Brasil e impacta a inflação.

“Na ponta isso aumenta o preço de uma forma geral para o consumidor brasileiro e com esse câmbio pressionado o Banco Central deverá manter os juros elevados por mais tempo para segurar a inflação", diz Braga.

Ele pondera que, eventualmente, pode haver um impacto pontual em algum produto estrangeiro que ficará mais caro por conta da possibilidade de o Brasil aplicar a Lei da Reciprocidade. Ou seja, pode taxar produtos norte-americanos.

Emprego

O economista Sergio Dias compara o tarifaço de Trump com as medidas do ministro Fernando Haddad. Ele explica: "Altos impostos e altas taxas impactam preços e afetam o consumo. Em uma cadeia produtiva vai impactar a produção e no final, o emprego".

Importações

O Brasil importa (compra) mais do que vende (exporta) para os Estados Unidos, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. E o governo já sinalizou a busca por outros mercados. O principal parceiro de negócios do Brasil é a China.

Exportações

No ano passado, foram exportados US$ 40,33 bilhões em produtos, e importados US$ 40,58 bilhões, resultando em um déficit comercial de US$ 253 milhões para o Brasil que, apesar de parecer pequeno, reflete uma tendência histórica e estrutural entre os dois países.

Desequilíbrio

O primeiro semestre de 2025 registrou desequilíbrio nos negócios. O Brasil comprou US$ 1,67 bilhão a mais do que vendeu aos Estados Unidos. Apesar de bons desempenhos em carne bovina (142%), sucos (74%) e café (39%), setores industriais estão em ritmo mais lento.