Setor produtivo fica menos competitivo com alta da Selic

Alerta foi emitido pela CNI sobre elevação da taxa a 15% ao ano

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Por Marcello Sigwalt

Injustificada e responsável pelo agravamento das condições de competitividade do setor produtivo nacional. Assim reagiu a CNI (Confederação Nacional da Indústria) à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que elevou em 0,25 ponto percentual (p.p.) a taxa básica de juros (Selic) que passou para o patamar de 15% ao ano (a.a.), na última quarta-feira (18).

"Não lidávamos com um patamar tão alto desde 2006. A irracionalidade dos juros e da carga tributária já está sufocando a capacidade dos setores produtivos, que já lidam com um cenário conturbado e possibilidade de aumento de juros e custo de captação de crédito. É um contrassenso o Banco Central se manifestar contra o aumento do IOF enquanto decide aumentar a taxa de juros. Aonde se quer chegar?", questionou o presidente da CNI, Ricardo Alban.

Ao enfatizar a necessidade urgente de o país retomar as chamadas 'políticas de Estado' de longo prazo e sistêmicas, o dirigente industrial assinala que o cenário atual, que cristaliza uma gestão calcada no aperto monetário, 'compromete a capacidade de o Brasil aproveitar as oportunidades abertas tendo em vista a reconfiguração geopolítica em curso. "Insistimos na necessidade de pacto nacional para avançar com medidas estruturantes. O setor produtivo já exauriu sua resiliência."

Como argumento para a 'incoerência' da nova alta da Selic sobre a quadro econômico - uma vez que os efeitos da política monetária restritiva já são perceptíveis, mediante a desaceleração dos índices inflacionários - Alban adverte que "sem o início da redução da Selic, seguiremos penalizando a economia e os brasileiros. O cenário torna o investimento produtivo muito difícil no Brasil, com danos graves à economia".

O ICEI da CNI, que contabiliza o sexto mês consecutivo no estado de pessimismo, mais agudo do que na pandemia.