Relação Brasil-China deve ter o protagonismo da indústria
Para a CNI, cabe ao setor industrial a atração de mais investimentos
O estreitamento da relação comercial entre o Brasil e a China precisa vir acompanhado de um protagonismo da nossa indústria de transformação, que hoje está em enorme desvantagem na balança comercial com o país asiático. A chamada indústria manufatureira - que engloba as atividades de transformar matérias-primas e insumos em produtos intermediários ou finais - é a responsável por desenvolver e disseminar tecnologia no país e pelos maiores investimentos e salários. Embora represente apenas 14,4% do PIB nacional, a manufatura responde por 47,6% das exportações de bens e serviços do país, por 62,4% do investimento empresarial em pesquisa e desenvolvimento, e por 25,6% da arrecadação de tributos federais.
Esses dados ilustram a importância da indústria de transformação para o desenvolvimento do país e mostram que a agropecuária não pode ser a única protagonista na relação com a China. Não se trata de reduzir a participação do agro, mas de ampliar o leque de atração de investimentos para a indústria da manufatura no mercado chinês.
A China foi o principal destino das exportações brasileiras em 2024, com US$ 94,4 bilhões, o que significa 28% do que exportamos no ano passado. O país asiático foi também a principal origem das nossas importações, com US$ 63,6 bilhões, o equivalente a 24,2% do que importamos. No entanto, quando falamos da indústria de transformação, a balança está longe, muito longe do equilíbrio: temos um déficit de R$ 45 bilhões entre o que vendemos e o que compramos de bens industriais.
O crescimento sustentado da China aumenta a demanda por produtos agropecuários, minerais e insumos industriais, favorecendo especialmente os setores de commodities no Brasil, mas também há espaço para o produto manufaturado. Precisamos de uma estratégia consistente e arrojada para abrir mais espaço para o produto de maior valor agregado da indústria brasileira na China.