Ata do Copom 'promete' elevar, ainda mais, os juros

Colegiado atribui medida à 'desancoragem de expectativas de inflação'

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Por Marcello Sigwalt

"A 'desancoragem' das expectativas de inflação - projeções do avanço de preços pelo mercado inclusive, por prazos mais longos, que induz a reajustes de salários acima da meta de inflação, requer uma política [monetária] mais contracionista".

A previsão consta da ata do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada nessa terça-feira (4) pelo Banco Central (BC), ao destacar o 'grau de sobreaquecimento da economia', "em particular, seus efeitos sobre a inflação de serviços".

Ao confirmar a decisão de elevar, em mais um ponto percentual, a Selic (taxa básica de juros), já em 13,25% ao ano, o colegiado justifica a medida, ao considerá-la "compatível com a estratégia de convergência da inflação à meta ao longo do horizonte relevante", além de reforçar que "a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos".

Dinamismo persiste

Sobre o comportamento recente da economia, o Copom observou que, "ao longo dos últimos trimestres, a atividade econômica, a despeito da política monetária contracionista, surpreendeu positivamente e manteve dinamismo. O ritmo de crescimento do consumo das famílias e da formação bruta de capital fixo evidencia uma demanda interna crescendo em ritmo bastante intenso".

Mais adiante, o documento comenta que, "tal como em análises anteriores, o Comitê avalia que a conjunção de um mercado de trabalho robusto, política fiscal expansionista, além do vigor nas concessões de crédito amplo tem dado suporte ao consumo e à demanda agregada".