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Economista-chefe do Itaú propõe volta do teto de gastos

Por Marcello Sigwalt

Como a atual política fiscal é um 'autoengano', o mais correto a fazer seria o retorno do regime de teto de gastos, antecessor do arcabouço em vigor. A proposta foi levantada pelo economista-chefe do banco Itaú - maior banco privado nacional - e ex-diretor do Banco Central (BC), Mário Mesquita, para quem, a regra de equilíbrio fiscal deve ser retomada, 'por quem quer que vença as eleições presidenciais no ano que vem, de modo que as taxas de juros do país voltem a ser 'civilizadas'.

O posicionamento de Mesquita é compartilhado por outros economistas de destaque do mercado, em favor da recuperação do princípio de disciplina fiscal, ainda que os ativos nacionais tenham apresentado recuperação neste início de ano, após a forte alta do dólar e a disparada dos juros futuros, na reta final de 2024, que se seguiu à decepção geral ante o pacote federal de contenção de gastos.

Ao fazer menção à regra que vigorou, de 2017 a 2023, Mesquita enfatizou que "o único regime que permitiu ao Banco Central buscar meta de inflação com taxas de juros nominais e reais mais baixas, mais parecidas com o que você tem nos outros países, foi o teto de gastos", que se caracterizava pela limitação do crescimento das despesas públicas à variação da inflação.

"Achar que a gente vai ter taxa de juros nominal e real civilizada, em linha com o que você observa em outros países, com a política fiscal que o Brasil tem é meio autoengano", na avaliação do economista-chefe do Itaú.

Economistas se preocupam com a resistência do mandatário petista em aplicar um ajuste fiscal mais rigoroso, diante de um cenário de crescimento explosivo da dívida pública, a reboque da elevação 'agressiva' da Selic, a título de controlar a inflação, que é alimentada por uma economia aquecida, sem contar uma taxa de câmbio ainda enfraquecida.