A ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que na semana passada elevou a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual (p.p.), a 11,25% ao ano, veio mais dura do que o comunicado da decisão.
Segundo economistas, apesar da chance maior ser de alta de 0,50 p.p. no próximo encontro, em dezembro, o documento abre espaço para um aumento maior, de 0,75 p.p..
Para o economista-chefe da G5 Partners, Luis Otávio Leal, a palavra "incerteza" define a ata do Copom divulgada nesta terça. "A ata pode ser considerada dura, principalmente porque trouxe todas as incertezas que temos hoje nos cenários interno e externo", disse Leal. "Inclusive, incerteza parece ser o nome dessa ata. O BC usou 10 vezes ao longo da ata incerteza ou variação dessa palavra para expressar o cenário, contra 7 da ata anterior."
O economista ainda aponta que a ata fala sobre necessidade de medidas estruturais para conter o aumento de gastos no Brasil. "O BC fez um diagnóstico muito pior do cenário inflacionário no curto prazo, e citou o impacto do câmbio como fonte de pressão sobre os preços industriais", lembrou.
"A ata veio um pouco mais dura em relação ao comunicado, argumentando sobre o possível impacto da política fiscal sobre as variáveis macroeconômicas", afirmou Leonardo Costa, economista da instituição financeira ASA. "Além disso, seguem reforçando a necessidade de queda nas expectativas de inflação, o que sugere juro elevado por mais tempo. Apostamos em alta de 0,50 p.p. na reunião de dezembro, com risco de que acelere o ritmo para 0,75 p.p.".