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FMI alerta: dívida pública deve se agravar até 2026

Por Marcello Sigwalt

Organismo estima que indicador deve atingir 94,7% do PIB em 2026

Após chegar a 83,9% do PIB, em 2022, a dívida pública brasileira deve atingir 94,7% do PIB em 2026, quando se encerra o mandato do atual ocupante do Palácio do Planalto, o que corresponde à uma deterioração de 10,8 pontos percentuais.

A estimativa foi feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) após chegar a 83,9% do PIB, em 2022, ao considerar que tal expansão reflete um 'processo global' que envolveria 'múltiplos fatores', inclusive 'estruturais', como o aumento dos gastos com a previdência diante do envelhecimento da população.

No mesmo rol de dívidas preocupantes, o Fundo apontou os Estados Unidos, França e Itália. De modo diferenciado, especialistas entendem que há fatores limitantes do nível dos débitos brasileiros, sem que haja maiores riscos para a economia. Para o membro sênior do Policy Center for the New South e ex-vice-presidente do Banco Mundial, Otaviano Canuto, "países de renda alta podem dar-se ao luxo de contraírem dívidas como proporção do PIB bem mais altas que nos emergentes, já que há quem compre dívidas públicas mais altas dos mais ricos".

Já o professor de macroeconomia do Ibmec-SP, Ricardo Hammoud, admite que o cenário amplia incertezas com relação à economia brasileira, além de elevar o chamado "risco país", quando "há mais dificuldade de financiar a sua dívida e seu déficit, sem contar o fato de a dívida também ficar mais cara", diz.

Prosseguindo em sua análise, Hammoud enfatiza que "a comparação do Brasil com países como Japão e Estados Unidos é incabível, são países que financiam suas dívidas de forma muito mais barata", afirma Hammoud.