"É um desafio difícil, e muitas das despesas são muito obrigatórias. Então, politicamente, é mais difícil", avalia Valdés, sobre o complexo equacionamento fiscal, ao lembrar a recomendação do Fundo sobre a importância de o País atuar nos mecanismos de indexação do lado das despesas. "Entendemos que eles estão fazendo isso, nós recomendamos isso há algum tempo, e isso deve facilitar".
Ao destacar a importância da consolidação fiscal em conjunto com a política monetária, o diretor do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI) acentua que essa combinação pode atenuar os efeitos em termos de crescimento. Primeiro, reduz o prêmio de risco e, depois, permite que os juros sejam menores.
Em seu relatório 'Monitor Fiscal', o Fundo estimou que a dívida pública do Brasil como proporção do PIB tenha chegado a 83,9% no fim de 2022, último ano do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e vá a 94,7% em 2026, último ano da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em abordagem semelhante, o ex-presidente do Banco Central no governo Lula (2003 e 2010), Henrique Meirelles considera 'difícil' o Brasil obter o 'investment grade' (grau de investimento) pelas principais agências de classificação de risco do mundo. E ele tem um único motivo para sustenta a previsão: o quadro fiscal.
"As próprias agências de rating têm dito isso. Para manter o rating, o Brasil precisa controlar sua expansão fiscal", afirma Meirelles, ao prever que a questão fiscal, em algum momento, vai chegar no limite e vai começar a ter problemas mais sérios, como ocorreu no passado". (M.S.)