Por Marcello Sigwalt
Um choque fiscal de longo prazo, a fim de mudar as expectativas de inflação de forma substancial, é a proposta foi defendida, nessa sexta-feira (25), pelo diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central, Renato Gomes, para quem a 'desaceleração' prevista para os gastos públicos neste segundo semestre (2S24) não deverá se refletir nas projeções inflacionárias.
"Você precisa de algo mais duradouro para impactar essas expectativas de inflação", disse Gomes, em evento do Bank of America (BofA), em Washington, Estados Unidos. "Um país que assegura aos investidores sobre a sustentabilidade do arcabouço fiscal e sobre a possibilidade e convergência da dívida pública, isso vai impactar mais diretamente as expectativas", acentuou.
Para o diretor do BC, a incerteza sobre a política fiscal futura é uma das explicações para a atual 'desancoragem das expectativas de inflação', acrescentando, nesse rol, a incerteza ante à inflação corrente, face a choques de oferta nos preços de energia e alimentos, sem contar mudanças no ciclo do gado, que tem exercido pressão sobre os preços de proteínas.
"A depreciação da taxa de câmbio também coloca uma pressão em comercializáveis, então talvez essa seja a razão pela qual os preços industriais não estejam mais ajudando tanto quanto no passado", analisou.
Na mesma direção, o diretor do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo Valdés classificou de "desafio difícil" a consolidação das contas públicas no Brasil, além de reforçar a importância que se obtenha a estabilização da dívida pública do País.