Por Marcello Sigwalt
O aperto monetário (vide novo ciclo de alta dos juros) e a maior cautela do consumidor são os fatores que mais influenciaram na queda de 0,6% na Intenção de Consumo das Famílias (ICF) em outubro, ante setembro, o que configura o quarto resultado negativo consecutivo, além de ser o mais intenso do período. No comparativo anual (outubro 2024/outubro 2023), a queda é muito expressiva, chegando a 1,2%, ainda que o nível de satisfação do indicador se mantenha no patamar de 103,2 pontos, o menor desde março.
Esses dados foram divulgados, nessa quinta-feira (24), pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Na análise por componentes, a CNC observou que todos apresentaram queda, com exceção da Perspectiva Profissional, único item que não obteve redução na comparação mensal, mantendo o menor saldo desde junho de 2023. Outro dado é no sentido de que a Perspectiva Profissional, ao recuar 4,1% no ano, sugere maior cautela em relação à empregabilidade futura.
Entre os recuos, o mais significativo coube ao Momento para Duráveis, com redução anual igual à sua redução no último mês (-1,8%). Em contraponto, o Emprego Atual é o item com maior pontuação na ICF, o que atesta a satisfação dos trabalhadores. A Renda Atual continuou avançando ( 3,7%) como a maior variação anual dentro de todos os componentes.
Acentuando que a cautela marca o comportamento dos consumidores, o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, destaca que "o principal subindicador do índice foi a queda de intenção de consumo de bens duráveis, caindo 1,8% na variação mensal, e o consumo de perspectiva em curto prazo também caiu, com 1,2% de queda no mês. As famílias estão muito cautelosas com a perspectiva futura do emprego".
Em nota, a CNC destaca que "a queda de 4,2% na Perspectiva de Consumo reflete um cenário econômico desafiador, marcado pelo aumento da Selic, que eleva o custo do crédito, reduz o acesso ao crédito e acaba desestimulando o consumo das famílias".