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Fala do BC 'turbina' alta de futuros

Os juros futuros subiram nesta quarta-feira, 23, conduzidos por série de fatores internos e externos que encorajaram os investidores a apostar num cenário ainda mais negativo para o Brasil.

O avanço do rendimento dos Treasuries somado a declarações do diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Paulo Picchetti, mais o avanço global do dólar, formaram um combo a empurrar as taxas ainda mais para cima.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 terminou em 12,76%, de 12,71% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 subiu de 12,88% para 12,96%. O DI para janeiro de 2029 terminou com taxa de 12,97% (de 12,89%), tendo tocado na máxima do dia o nível de 13,00%.

As máximas foram atingidas entre o fim da manhã e o começo da tarde, durante o discurso de Picchetti, que é considerado de perfil mais moderado dentro do Comitê de Política Monetária (Copom). "Picchetti, que normalmente não é muito pessimista, veio com discurso ruim. O mercado piorou desde a fala dele e não parou mais", disse um trader.

Em encontro com investidores em Washington, o diretor apontou preocupações com a permanência dos núcleos de inflação acima da meta e com o aperto do mercado de trabalho, afirmando ainda que a projeção do BC de IPCA em 3,5% no horizonte relevante não permite considerar que a inflação está em torno da meta central, de 3%. Ele disse que o BC observa "cuidadosamente" os desenvolvimentos da política fiscal - motivo de parte da desancoragem das expectativas de inflação - e serão considerados nesta definição.