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Produção industrial dá sinais claros de retração em agosto

Por Marcello Sigwalt

Em consequência da estabilidade da produção industrial brasileira, que subiu 'módico' 0,1%, na passagem de julho a agosto, marcando um viés de estabilidade, o setor atesta ter 'sentido o golpe' do aperto dos juros em curso, que encarece as condições de financiamento e a aquisições de matérias-primas pelos industriais.

Prova disso é que dos 15 locais cobertos pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional, elaborada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em agosto, somente cinco apresentaram avanço, com os dez restantes recuando. Já no comparativo anual (agosto 2024/agosto 2023), a indústria exibiu crescimento de 2,2% e taxas positivas em 12 dos 18 locais pesquisados.

Considerando o período acumulado nos últimos 12 meses, a expansão chega a 2,4%, com avanço em 17 dos 18 locais pesquisados e alta acumulada no ano de 3%, com crescimento em 16 dos 18 locais pesquisados. Além disso, tais resultados colocam a indústria 1,5% acima do nível pré-pandemia.

De acordo com o analista da PIM Regional, Bernardo Almeida, "o comportamento positivo da produção industrial em agosto acontece após resultado negativo em julho (-1,4%). Foi um desempenho positivo, mesmo sendo uma variação reduzida, bem próxima da estabilidade. A melhora no mercado de trabalho, com queda na taxa de desemprego, e o aumento do rendimento médio, elevando o poder de compra das famílias, contribuíram para os números da indústria em agosto. No entanto, fatores como a alta taxa de juros reduzem os efeitos positivos do bom momento do mercado de trabalho. Houve ainda um espalhamento de atividades no campo negativo, o que serve de alerta em relação à atividade industrial nos próximos meses".