Por Marcello Sigwalt
A melhoria 'significativa' do crédito no país - em decorrência do crescimento robusto da economia, sem contar as reformas econômicas e fiscais recentes. Com base em tais fatores, a agência de classificação de risco Moody's, uma das mais importantes do cenário mundial, anunciou, nessa terça-feira (1º), a elevação da nota da dívida pública brasileira, que subiu de Ba2 para Ba1, ficando dois níveis abaixo do grau de investimento, selo de garantia internacional de que não haverá 'calote da dívida pública'.
Curioso aqui é observar a visão 'míope' da agência, ao ignorar 'solenemente' a trajetória 'explosiva' da dívida, que beira 80% do PIB (Produto Interno Bruto) e já supera os R$ 7 trilhões. Na contramão dessa constatação, feita pelo mercado tupiniquim, a Moody's admitiu a 'relevância' do "compromisso [sem mencionar diretamente o governo federal] com as metas fiscais e com a trajetória de estabilização da dívida pública em relação ao PIB".
No campo das reformas, o destaque da agência coube à reforma tributária, sob o argumento 'de que o novo sistema aprimorará o ambiente de negócios e a alocação de recursos, além de aumento o potencial de crescimento no longo prazo'. Mais adiante em seu comunicado, a Moody's fez menção à agenda de transição energética, como fator para atração de investimentos privados e para redução d0 vulnerabilidade do país a choques climáticos.
Em sua 'profissão de fé' na 'contestada' eficiência da gestão econômica petista, o comunicado da agência manifesta a expectativa de 'uma melhora gradual nos resultados primários do governo nos próximos três anos', por meio de esforços para a elevação de receitas, por sua vez, obtidas, 'pela maior tributação das classes mais ricas, e nas iniciativas de revisão de despesas'.
Numa antecipação a um eventual 'insustentabilidade' da dívida, face aos juros elevados, a Moody's justificou que o país detém expressivos ativos líquidos, uma vez que, desde 2006, este é credor externo, com reservas internacionais superando a dívida externa. Para a instituição, o governo brasileiro, 'se financia' em moeda local e não em moeda estrangeira.