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BC admite que o viés da Selic é de alta

Por Marcello Sigwalt

Para bom entendedor, meia palavra basta. A máxima proverbial espelha a mensagem subliminar emitida pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto: "Se precisar subir juros, vamos subir", proclamou o dirigente, a poucos meses de deixar o comando da autoridade monetária, como prévia do viés altista da Selic (taxa básica de juros), a ser adotado pelo Comitê de Política Monetária (Copom), em sua próxima reunião, em setembro próximo.

Ao ecoar declaração anterior de seu virtual substituto no posto - o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, de que o aumento da taxa básica 'está na mesa', face ao avanço dos indicadores econômicos - Campos Neto reiterou a prioridade da autarquia, no sentido de 'perseguir' a meta de inflação, acrescentando que tal missão deve continuar "estando [ele] à frente ou não da instituição".

Para não 'carimbar' a provável e iminente alta da Selic, o banqueiro central acentuou que, mesmo que a situação externa tenha melhorado, há disparidade entre a previsão de alta da taxa básica pelo mercado, em contraste com a expectativa contrária, por parte dos economistas.

Apostas à parte, do ponto de vista macroeconômico, o presidente do BC admite a correlação entre os indicadores de emprego e a resiliência da inflação de serviços, esta última, apontada como o vilão que alimenta a alta do índice oficial de inflação (IPCA), cuja variação em 12 meses já 'encosta' no teto da meta de 4,5%, estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

"Tentamos fazer um link entre desemprego e o que isso significa em termos de inflação de serviços. Achamos que tem uma correlação na ponta, mas não é uma coisa que está verificada, que a gente possa, de fato, dizer: isso vai gerar uma trajetória diferente da inflação", avaliou Campos Neto, ao participar de fórum promovido pelo BTG Pactual.

O dirigente central ressaltou a necessidade de a instituição 'reforçar a mensagem', de que "suas decisões são técnicas e de que a meta sempre será perseguida", o que permitiu 'derrubar' o prêmio de risco.