Por Marcello Sigwalt
Mais pressão pela manutenção, em patamares elevados, da Selic (taxa básica de juros) - hoje em 10,75% ao ano - uma semana antes de o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom/BC) fazer sua reunião de dois dias neste mês, quando decidirá por um novo corte de meio ponto percentual (0,5 p.p.), para 0,25 p.p. ou pela continuidade do patamar atual.
A redução do ritmo dos cortes, por sua vez, leva em conta fatores, tanto internos, quanto externos. No primeiro caso, a elevação do grau de incerteza - devido à mudança das metas fiscais para os próximos anos - ganha impulso com um mercado de trabalho forte, que aquece o consumo e pressiona as taxas inflacionárias.
No segundo caso, predomina a tendência de o Federal Reserve (Fed) 'segurar' os juros ianques, ante a sinais inequívocos de uma economia igualmente forte.
A expectativa é de analistas do mercado, ao repercutirem dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, que dão conta de um saldo positivo de 244.315 vagas formais (carteira assinada) em março último, o que pressupõe um mercado de trabalho 'aquecido', melhor resultado para o mês, desde que iniciada a série histórica do Caged, em março de 2000.
A tendência positiva é reforçada pela relativa estabilidade da taxa de desemprego do país, que variou de 7,8%, no trimestre encerrado em fevereiro, para 7.9% no trimestre concluído em março.
Para a economista do C6 Bank, Claudia Moreno, "o mercado de trabalho aquecido continuará pressionando a inflação de serviços e dificultando a convergência da inflação para a meta".
Em direção semelhante, o economista do Banco BV, Carlos Lopes, entende que os dados do Caged e Pnad Contínua "aumentam as chances" de o Copom decidir por um corte de 0,25 p.p. da Selic.