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Descontrole fiscal deve 'frear' ritmo de novos cortes da Selic

"Frouxidão' de gastos federais deve segurar aperto monetário por parte do BC | Foto: Divulgação

Por Marcello Sigwalt

A 'marcha à ré' das metas fiscais, para este e o próximo anos, aliado à 'liberalidade' com relação aos gastos públicos, além de previsão novas despesas na mensagem orçamentária do Executivo ao Congresso, formam um conjunto de fatores que afetam diretamente as expectativas de inflação, câmbio e juros, além de pressionar o Banco Central a aplicar um 'freio' no ritmo dos cortes da Selic (taxa básica de juros).

De acordo com essa avaliação do mercado, à piora evidente do cenário interno se associa à crescente incerteza externa, a reboque da disposição recente do Federal Reserve (Fed) - bc ianque - de prorrogar somente para dezembro ou para 2025 o início do corte dos juros estadunidenses, a despeito da arrancada econômica dos EUA.

Enquanto isso, no front interno, prossegue a escalada inflacionária, precificada pelas últimas projeções do boletim Focus, do Banco Central (BC), que aponta nova elevação do IPCA (índice oficial de inflação), de 3,71% para 3,73% para este ano, após expressiva queda anterior. Para 2025, nova alta, desta vez de 3,56% para 3,60%. Em ambos os casos, há superação do centro da meta de inflação (3%), fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

O tom da preocupação com os rumos da política econômica petista foi dado pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, ao admitir que a autarquia terá 'um trabalho difícil à frente'.

Ecoando o avanço geral dos indicadores, o mercado financeiro também ampliou, de 9,13% ao ano para 9,5% ao ano, a estimativa para a Selic em 2024, e de 8,5% ao ano para 9% ao ano. Alguns bancos, mais céticos, porém, já trabalham com uma taxa de 9,75% ao ano.

A 'prova dos nove' para confirmar a tendência progressiva da Selic será nos dias 7 e 8 de maio, quando ocorre a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, em que as apostas majoritárias giram em torno de um corte de 0,25 ponto percentual, e não mais de 0,5 ponto percentual. Caso isso se confirme, a Selic cairia apenas para 10,50% ao ano.