Por:

Juros: mercado prevê BC conservador

Nathalia Garcia (Folhapress)

A avaliação de que o Banco Central adotará uma postura mais conservadora nos rumos da taxa básica de juros ganhou força no mercado financeiro nos últimos dias, com maior expectativa de desaceleração do ritmo de queda da Selic e pausa à frente no radar.

Entre os agentes econômicos, cresceu a aposta de que o Copom não ficará preso ao compromisso de promover uma nova redução de 0,5 ponto percentual -conforme sinalizado em março- e vai diminuir o passo já no próximo encontro, nos dias 7 e 8 de maio, diante de uma conjuntura global e doméstica de maior incerteza.

Uma parcela do mercado passou a trabalhar com a perspectiva de um corte de 0,25 ponto percentual em maio, sobretudo após as declarações dadas pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, em uma reunião com investidores nos Estados Unidos.

No encontro, o chefe da autoridade monetária disse que toda prescrição de um "disclaimer", ou seja, que a indicação é reavaliada em mudanças substanciais no cenário. Ele ainda traçou quatro caminhos para o futuro do ciclo de política monetária.

Segundo o presidente do BC, um cenário de incerteza elevada, mas sem mudança significativa no quadro, poderia significar uma desaceleração no ritmo de cortes de juros.

Para Tony Volpon, ex-diretor do BC e professor adjunto da Georgetown University, a retirada do "forward guidance" (prescrição futura) foi uma decisão acertada. "Pressupõe um cenário básico com algum grau relevante de confiança, o que hoje não temos", afirma.