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BlackRock sobre Brasil: 'pano de fundo' para o investidor

Mercados do México e da Índia passaram a ser mais atrativos para investidor externo | Foto: Divulgação

Por Marcello Sigwalt

O Brasil deixou de ser o foco dos investidores internacionais, e agora não passa de um 'pano de fundo'. A observação tão ácida quanto realista foi disparada pela presidente da BlackRock (maior operadora de gestão de ativos do planeta) no Brasil, Karina Saade, ao atribuir aos problemas fiscais tupiniquins um dos motivos determinantes pelo rápido desinteresse 'gringo' no mercado nacional.

Seu entendimento é de que a derrocada de credibilidade brasileira no cenário externo - com a perda de espaço para investimento global, antes seus pares emergentes México e Índia - foi potencializada pelo afrouxamento da meta fiscal para os próximos anos pelo governo petista.

A perspectiva, para a gestora, é de que o Federal Reserve (Fed) - o bc ianque - aplique este ano, no máximo, dois cortes de juros, em sintonia com a persistente inflação dos EUA. Nesse contexto, a executiva avalia que o 'cenário favorece o fluxo de capitais para a maior economia do planeta, o que terá consequências para o mundo', ao acrescentar que 'ciclicamente, o Brasil não tem uma narrativa muito diferenciada neste momento".

Ela emenda que "nossa expectativa este ano é de no máximo dois cortes na taxa de juros nos Estados Unidos, iniciando provavelmente depois de setembro. O Federal Reserve (Fed) vai cortar juros, mas não o tanto quanto inicialmente esperado, vai cortar porque juros altos são análogos a uma tributação regressiva para o segmento de baixa renda. Nesse segmento, temos observado uma taxa de inadimplência muito alta. Então, é preciso dar um alívio a esse consumidor de baixa renda".

Na sequência, a presidente da gestora global avalia que a autoridade monetária ianque entende que "a inflação nos EUA tem sido persistente, sobretudo a inflação de serviços, cujos preços não são sensíveis à política monetária e de difícil reversão. Então ela vai persistir por mais tempo e dificultar muito o ritmo de cortes para o Federal Reserve".