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Sobe a 78,1%, percentual de famílias endividadas no país

Baixa de juros incentivou 'ida às compras' por famílias já endividadas | Foto: Divulgação

Por Marcello Sigwalt

Sob o incentivo enganoso da queda dos juros (leia-se, da taxa básica de juros, a Selic), o percentual de famílias brasileiras endividadas cresceu em março último, passando a 78,1%, entre aquelas com dívidas a vencer, o que representou um aumento de 0,2 ponto percentual (p.p.) em relação ao mês anterior, aponta a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), elaborada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Segundo o presidente da entidade, José Roberto Tadros, "o momento mais favorável dos juros, com menor custo, tem contribuído para uma maior demanda das famílias por crédito, sobretudo, parcelado".

Pelo critério que classifica consumidores 'muito endividados', o estudo mostrou avanço de 0,1 p.p., fato que interrompe a sequência declinante dos últimos quatro meses. Em contrapartida, o contingente de famílias consideradas 'pouco endividadas' avançou 0,2 p.p., no mesmo comparativo mensal.

Ao mesmo tempo, também subiu 0,5 p.p. a quantidade de famílias com dívidas atrasadas, após cinco meses de recuo, equivalendo a 28,6% das famílias, embora tal patamar ainda esteja abaixo de idêntico mês do ano passado (29,4%).

Já na avaliação da economista da CNC, Izis Ferreira, "a alta da inadimplência também é vista pelo crescimento do percentual de famílias que afirmam que não terão condições de pagar as dívidas atrasadas em março, que é o grupo mais complexo dos inadimplentes. Nesse caso, o percentual já supera o do mesmo mês do ano passado".

Se considerado o estrato familiar de baixa renda (até 3 salários mínimos), este foi o maior responsável pelo crescimento do indicador, mediante um patamar de 79,7%, que representa uma alta mensal de 0,5 p.p. e anual de 0,8 p.p. Por sua vez, a categoria 'outros grupos' apresentou redução ou estabilidade percentual.

Levando em conta o grupo de famílias sem condições de pagar dívidas em atraso, a elevação percentual ocorreu apenas nas faixas intermediárias (de três a cinco e de cinco a dez salários mínimos).

A constatação da CNC é que a faixa de renda mais baixa mostrou maior necessidade de recorrer ao crédito, como também dificuldade para amortizar tais dívidas. Entretanto, houve melhora no indicador relativo à expectativa de pagamento das contas em atraso, em decorrência de programas sociais e de auxílio ao crédito.

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