João Gabriel (Folhapress)
A proposta que cria os programas nacionais do Combustível Sustentável da Aviação e do Diesel Verde vem causando divergências entre os setores do agronegócio e de petróleo e gás no Congresso Nacional.
Parlamentares e representantes dos setores envolvidos nas discussões citam quatro pontos de divergência entre as duas bancadas. O principal deles diz respeito à previsão de crescimento escalonado do percentual de biodiesel na composição do diesel e redução do poder de decisão do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) na definição desta mistura.
Também há desencontros quanto à testagem, o uso de combustível coprocessado e a inclusão do biometano no projeto.
Atualmente na Câmara dos Deputados, o projeto é relatado pelo deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), ex-presidente bancada ruralista, e tem como um de seus principais interlocutores Alceu Moreira (MDB-RS), hoje presidente da Frente Parlamentar do Biodiesel.
O texto foi proposto inicialmente pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas sofreu diversas alterações, o que causa resistência em parte dos ministérios da Fazenda e Minas e Energia. Carlos Fávaro, ministro da Agricultura, tem defendido a proposta.
Alceu Moreira afirma que a intenção é construir consenso entre os setores e com o Executivo antes que a proposta seja, de fato, levada ao plenário da Câmara, mas que há pontos que o agro não abrirá mão.
"Não existe briga. Existe uma ponte entre o agronegócio e o Palácio do Planalto, que são os biocombustíveis", diz o deputado.