Estudos desenvolvidos por Cerqueira, nos anos de 2007 e 2014 estimaram em 2,3% o custo para o PIB com os homicídios. Em outro cálculo, pelo PIB de 2022, tais custos totalizariam R$ 252 bilhões ao ano.
Sobre esse cenário imprevisível, Cerqueira comenta que "devido ao risco para as pessoas que vivem numa sociedade violenta, há um custo intangível que gera perdas econômicas, à medida que os indivíduos mudam o padrão de consumo e a forma de consumir".
A economista e coordenadora do Centro de Ciência Aplicada a Segurança da FGV, Joana Monteiro, é mais incisiva: "Quantas pessoas deixaram de viver no Rio de Janeiro ou deixaram de investir na cidade por conta da violência"?
Fora os aspectos financeiros e empresariais, há, também, custos sociais, como eventuais falhas de formação da mão de obra substituta ou falta às aulas pelas crianças, devido ao fechamento das devido a escolas.
Por fim, a economia decorrente da atividade do turismo corre o risco de sofrer danos irreparáveis, uma vez que alguns destinos acabam sendo definitivamente evitados, devido à alta incidência de crimes nessas regiões, cuja circulação, sobretudo à noite, pode ser descartada, o que compromete a vida noturna local.
Segundo sua tese de doutorado, a economista constatou que o frequente fechamento de escolas, por conta de incidentes de segurança recorrentes afetam o aprendizado.
"É a violência causando uma armadilha de pobreza. Ela afeta todo mundo", diz. "É difícil pensar em cidade mais afetada do que o Rio de Janeiro, desde a qualidade de aprendizado dos seus habitantes mais pobres até o turismo".
