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Avanço da criminalidade induz a desindustrialização do país

Escalada da violência afugenta investimentos e retarda crescimento | Foto: Divulgação

Por Marcello Sigwalt

A insegurança social, alimentada pelo temor da escalada da criminalidade no país, é um dos principais fatores causadores do avanço da desindustrialização, em determinadas regiões brasileiras.

A constatação faz parte de estudo desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ao apontar que tal situação traz como sequelas, a fuga de investimentos, de mão de obra especializada, mas também de turistas. O instituto calcula que as companhias dispendem cerca de R$ 171 bilhões anuais em segurança ou 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022.

Em paralelo, o avanço da violência 'premia' a alavancagem de outro custo indesejável: de segurança patrimonial e de seguros, isso sem contar as perdas decorrentes de roubo de produtos e equipamentos. Além disso, muitas vezes, além de afastar investimentos, a insegurança obriga a companhia a 'migrar' para outras regiões, o que impõe custos, mais uma vez.

Mas existem custos, de natureza intangível, que também têm de ser contabilizados nessa conta 'violência' que, igualmente, trazem sequelas à condução dos negócios pelas companhias nacionais, como homicídios que vitimam trabalhadores, o que obriga sua substituição, impondo danos, muitas vezes, irreparáveis, às organizações.

Além disso, tal troca demanda treinamento e tempo que o substituto desempenhe plenamente as funções de seu antecessor. Acrescente-se, nessa receita amarga de custos o fato de as empresas precisarem pagar salários mais altos para atrair profissionais qualificados e dispostos à encarar a violência sem paradeiro.

Desse modo, gastos com proteção, segurança patrimonial e seguros acabam entrando na contabilidade empresarial como 'custo de oportunidade'.

O fator 'desindustrialização' é potencializado pela desvalorização (que pode chegar a 30%) do terreno abandonado pela 'fuga' da companhia, estima o pesquisador do Ipea e membro do conselho do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Daniel Cerqueira.

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