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País tem dificuldade 'histórica' de controlar gastos públicos

Para dirigente do BC, cultura 'perdulária' persiste há muito tempo no Brasil | Foto: Divulgação

Por Marcello Sigwalt

Sem 'alfinetar', mas 'alfinetando' a política fiscal perdulária patrocinada pelo mandatário da hora, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto (na reta final de seu mandato à frente da autoridade monetária), admitiu que "historicamente, o Brasil enfrenta dificuldades para controlar os gastos públicos e equacionar a questão fiscal, independentemente do governo de turno".

Em outro petardo bem calibrado na direção da gastança federal e sem esconder a preocupação com o déficit primário e as metas fiscais, o 'xerife do real' afirmou que "temos uma diferença muito grande entre a previsão do mercado e o que o governo do Brasil tem de metas fiscais".

Mais ameno no discurso, o dirigente monetário aproveitou para lançar um alerta: "Temos um processo de trajetória de dívida que tende a estabilizar depois do arcabouço [fiscal]. A questão é que, em algum momento, teremos de falar sobre como faremos a convergência da dívida.

Por ocasião da aprovação do novo marco fiscal pelo Congresso Nacional, no ano passado, o compromisso do Planalto, pelo menos no marketing da hora, era de que o país zeraria o déficit primário em 2024, meta praticamente descartada pelas projeções de mercado e pelo próprio líder petista. Reforça essa perspectiva os dados relativos a 2023, divulgados pelo Ministério da Fazenda, dando conta de um déficit primário de R$ 230,535 bilhões, o equivalente a 2,12% do Produto Interno Bruto (PIB).

Após 'chacoalhar' os colegas economistas, ao afirmar que estes "têm errado com consistência as projeções de crescimento, por diversos fatores", Campos Neto fez um 'mea culpa', ao reconhecer que "faltam elementos para a autoridade monetária entender a velocidade do último estágio do processo de desinflação de serviços, a chamada "última milha", setor que, segundo ele, está em trajetória de convergência com a meta de inflação.

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