Recém-implantado na cidade do Rio, o novo projeto de bilhetagem digital no transporte público do Rio, "Jaé", vem recebendo inúmeras reclamações entre os usuários. Segundo o edital de licitação, o sistema, desenvolvido pela empresa Consórcio Bilhete Digital, deveria estar em pleno funcionamento desde 19 de julho nos três corredores expressos do BRT. Entretanto, mais de dois meses depois da data determinada na concessão, obrigações essenciais previstas em contrato ainda não foram atendidas.
O novo cartão "Jaé" ainda não pode ser utilizado em todas as 133 estações dos corredores Transoeste, Transcarioca e Transolímpico. De acordo com o relato de passageiros, nem todos os validadores foram instalados, embora a meta estabelecida em contrato previa a disponibilidade de 647 equipamentos imprescindíveis para o acesso às estações e, posteriormente, aos ônibus articulados do BRT. Além disso, alguns ainda estão desligados ou apresentam falhas constantes.
Outro ponto é sobre as máquinas para a compra e recarga dos cartões. Os equipamentos têm sido alvo frequente de reclamações de quem utiliza o BRT. Diferentemente do que exige o edital de licitação, os terminais não aceitam moedas, não vendem o cartão de transporte e há relatos de que a compra de créditos falha frequentemente. Além disso, a própria reportagem constatou que há algumas máquinas em fora de operação, como na estação Cetex, em Guaratiba. Usuários também vêm reclamando dos canais de atendimento ao cliente do serviço.
Gratuidade
Após análise detalhada do contrato de concessão, pôde-se perceber também que o edital determinava a entrega de cartões de gratuidade em 19 de julho, com a apresentação posterior de um relatório contabilizando a quantidade distribuída aos passageiros com direito ao benefício assegurado em lei. No entanto, até o momento, não há informações disponíveis sobre o cumprimento dessa obrigação contratual, o que gera dúvidas em relação ao controle e à fiscalização do contrato pela Prefeitura do Rio.
Pouca adesão
Realizada em novembro de 2023 pela Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), a licitação do sistema de bilhetagem dos meios de transporte sob a gestão da Prefeitura do Rio vem sendo questionada na Justiça. Em meio à batalha judicial, o Consórcio Bilhete Digital assinou contrato com o Município em 19 de dezembro de 2022, com o compromisso de iniciar a operação plena do sistema no BRT seis meses depois, em 19 de julho último.
Até 22 de setembro, o Consórcio Bilhete Digital havia repassado à Prefeitura somente R$ 87.889,22, já descontada a taxa de 4% cobrada pela operação do sistema de bilhetagem. Por dia, a receita média foi de R$ 1.331,65, o equivalente à média de 161 passageiros por dia que utilizam o Jaé no BRT.
Procurada, a Riocard Mais preferiu não se manifestar, já que não participou do processo de licitação da bilhetagem eletrônica da cidade do Rio.