Por: Ana Paula Marques e Murilo Adjuto

Campos Neto acena ao governo para manter meta fiscal

Roberto Campos Neto fez acenos de aproximação ao governo | Foto: Zeca Ribeiro/Agência Câmara

Na manhã da quarta-feira (27), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em aceno ao Executivo durante audiência pública na Comissão de Finanças da Câmara dos Deputados, disse ser importante o governo persistir no esforço para cumprir a meta fiscal proposta no orçamento federal. Segundo ele, manter a meta de zerar o déficit das contas públicas em 2024, dá ao BC tranquilidade para baixar a taxa básica de juros.

Logo após a participação na comissão, Campos Neto foi ao Palácio do Planalto para participar de sua primeira reunião, a pedido do banqueiro, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Desde o início do seu governo, Lula tem criticado o presidente do BC sobre a condução da autoridade monetária, especialmente com relação à taxa básica de juros.

Apesar do atrito, na reunião, Campos Neto elogiou o Executivo, em um momento em que muitos afirmam que a intenção de déficit zero no ano que vem seria inexequível. “O governo manter a meta é uma medida muito acertada. Faz a inflação voltar para mais baixo. A nossa mensagem de persistência está bem alinhada com o que o ministro Haddad tem dito. Achamos que esse é um caminho bem promissor".

O presidente do BC também defendeu que a instituição não trabalha no campo da oposição e atua para ser um "parceiro" e melhorar a situação do governo. A fala vem depois da última crítica de Lula: “O presidente do Banco Central não foi indicado por nós. Ele foi indicado pelo presidente anterior. O Banco Central agora é autônomo, não tem mais interferência da Presidência da República. Se esse cidadão conversa com alguém, não é comigo”.

Fundos Exclusivos

Campos Neto também defendeu a taxação dos fundos de alto rendimento.

“Sou a favor da taxação de fundos exclusivos, sou a favor da taxação das offshore e eu achava que a alíquota para a taxação tinha que ser mais alta. Achei que 10% era razoável, mas voltou para 6%. Acho que é baixo, tem que taxar mais”, declarou.

Offshore são uma forma de investir no exterior, por meio de uma conta bancária ou de uma empresa. Na prática, essa forma de investimento acontece em países onde existe alguma tributação favorável ao investidor, os chamados paraísos fiscais. Já os Fundos Exclusivos, são carteiras destinadas a investidores qualificados — aqueles que tenham pelo menos R$ 1 milhão de patrimônio ou esse recurso para investir.

Copom

O Banco Central avaliou ser "pouco provável", no momento atual, promover um ritmo de corte maior na taxa básica de juros da economia. A análise é da última ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada no último dia 19. Além disso, o banco avaliou que as “contas públicas continuam entre os fatores que pressionam a inflação”.

A avaliação também descreve haver incerteza no mercado sobre a execução das medidas de receita e despesas compatíveis com o arcabouço e o atingimento das metas fiscais.