por Guilherme Cosenza
Mais uma etapa polêmica em relação ao caso envolvendo o rombo contábil de R$ 20 bilhões da Americanas. Após oito meses se esquivando para falar e dar seu depoimento sobre o caso que colocou a maior empresa varejista do Brasil em processo de recuperação judicial, o ex-CEO da Americanas resolveu falar. Miguel Gutierrez trabalhou na varejista por 30 anos, sendo 20 delas no comando da empresa.
Gutierrez foi apontado pelo CEO atual, Leonardo Coelho e por outros executivos como sendo o principal culpado pelo rombo da empresa. Segundo consta as acusações, teria sido durante a gestão do ex-CEO que fraudes como criar falsos contratos de publicidade para reduzir os custos no balanço patrimonial que aumentaram para R$ 21,7 bilhões em 30 de setembro de 2022, aconteceram. Entretanto, Gutierrez enviou um documento para o Tribunal de São Paulo para a Comissão do Congresso que investiga o caso, onde afirma que nunca participou, autorizou, ordenou, tolerou ou teve conhecimento de qualquer tentativa de manipular as contas financeiras da empresa. "Tornei-me um bode expiatório a ser sacrificado em nome da proteção de figuras notórias e poderosas do capitalismo brasileiro", disse O EX-CEO.
As "figuras notórias e poderosas" ao qual ele se refere são os acionistas bilionários e mais ricos do Brasil como Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Sicupira, que co-fundaram a empresa de aquisições 3G Capital e foram os arquitetos de grandes fusões nas últimas décadas, que resultaram na Anheuser-Busch Inbev e na Kraft Heinz. Juntos os três acionistas possuem uma fotuna que gira em torno de mais de R$ 200 bilhões. Além disso, os empresários são, desde 1980, os acionistas líderes da Americanas. Contudo, mesmo com tanto tempo de casa, os três afirmam que desconheciam as fraudes encontradas.
Porém, Gutierrez fez questão de afirmar que os acionistas possuíam e possuem uma "enorme e constante interferência em seus negócios, especialmente na área financeira, na qual são especialistas reconhecidos". O ex-CEO também afimrou que as vendas da Americanas eram monitoradas diariamente por Sicupira e Eduardo Saggioro, presidente do Conselho da Americanas e sócio da LTS Investments.