Por: João José Oliveira
A Eletrobras divulgou documento nesta quinta-feira (9), após fechamento da Bolsa, informando que o preço das ações ofertadas no processo de capitalização que levará à privatização da companhia será de R$ 42. Esse é o valor que os investidores, inclusive aqueles que fizeram reserva para comprar o papel com recursos do FGTS, terão que pagar.
A operação atingiu R$ 29,3 bilhões, sem incluir os lotes extras de ações, que se somados podem levar o negócio a R$ 33,7 bilhões, contando o lote suplementar e a venda da BNDESPar, braço de participações do BNDES.
PREÇO DA OFERTA É 25,7% MAIOR QUE NO COMEÇO DO ANO
O preço definido nesta quinta-feira (9) para a ação na capitalização é 25,7% acima do valor do papel no começo do ano (de R$ 33,41), mas 3,1% abaixo da cotação no fim do pregão de 27 de maio, dia em que a companhia lançou o documento da oferta (R$ 43,35).
O preço da ação da Eletrobras nessa operação foi definido em um processo chamado de bookbuilding -quando os bancos que trabalham para a Eletrobras se reúnem com outras instituições financeiras e grandes investidores de mercado para pesquisar quais valores eles estão dispostos a pagar pelo negócio.
Essa pesquisa serve como referência para a Eletrobras, juntamente com os bancos que trabalham para ela, definir o preço da ação na oferta.
RATEIO DE AÇÕES E DINHEIRO PARA FGTS
A parte da oferta destinada aos investidores que fizeram reserva para pagamento com recursos do FGTS é de R$ 6 bilhões. Mas como a demanda nesse grupo chegou ao redor de R$ 9 bilhões, haverá um rateio das ações entre os interessados, de forma proporcional. Isso quer dizer que os aplicadores que fizeram reserva vão comprar menos ações do que queriam.
Com o rateio, quem transferiu recursos para um Fundo Mútuo de Privatização Eletrobras (FMP Eletrobras) vai receber na conta do FGTS o valor que foi transferido a mais.
PRÓXIMAS ETAPAS: ESTREIA DA AÇÃO E PAGAMENTO
Nesta sexta-feira (10), a Eletrobras apresenta ao mercado o documento definitivo da oferta, com os preços das ações. Também nesta sexta-feira, começam a ser negociados na Bolsa de Nova York os ADRs (recibos de ações) que estão sendo vendidos a investidores estrangeiros.
Mas a próxima etapa do processo de capitalização da Eletrobras que mais interessa aos investidores acontece na segunda-feira (13), quando as ações começam a ser negociadas na Bolsa brasileira.
Será um dia para medir a reação do mercado ao negócio e o volume de transações com a companhia. Mas profissionais de mercado destacam que o investidor que usou recursos do FGTS para comprar essas ações da Eletrobras não deve ficar eufórico, se o papel subir, nem frustrado, se houver uma desvalorização.
Além de ser um investimento de longo prazo, o aplicador só poderá vender o papel após 12 meses, quando acaba o período de lock-up.
Depois disso, o aplicador até pode pedir ao gestor do fundo o resgate do investimento, mas o dinheiro volta para a conta do FGTS.
Durante esse período de carência, os valores poderão ser resgatados nas hipóteses de demissão, aposentadoria, falecimento, uso para moradia, três anos sem registro em carteira, doenças graves, quando o trabalhador completa 70 anos, ou em caso de calamidade pública.