'Cano Serrado': onde os fracos não têm vez no cinema de ação brasileiro

Thriller do brasiliense Erik de Castro será exibido na madrugada desta

Por Rodrigo Fonseca - Especial para o Correio da Manhã

O ator Rubens Caribé em cena no longa de ação 'Cano Serrado', um thriller digo da tradição do gênero

Habituada a filmes de ação por vir sempre na esteira do “Domingo Maior”, a madrugada de domingo para segunda na Globo vai provar um sabor atípico - o gostinho de brasilidade - neste início de semana, ao hospedar um thriller nacional na grade do seu “Cinemaço”, às 2h40. A pedida do Plim-Plim é uma produção vinda da capital do país, Brasília: “Cano Serrado” (2018).

Sua trama, tensa, chama a violência institucionalizada do país para um duelo crítico (e frenético) a partir de um enredo sobre justiçamentos fora dos parâmetros oficiais da Lei. Seu foco: o desejo de vingança de um oficial de segurança, o Sargento Sebastião (Rubens Caribé, em estado de graça) diante da morte do seu irmão, um caminhoneiro. No ódio, o tira põe dois policiais da capital - confundidos com os assassinos - na mira da bala. A direção é de Erik de Castro, documentarista dos bons que já mostrou ter domínio pleno desse universo, na ficcão, ao rodar “Federal” (2010), com Selton Mello caçando uma quadrilha no DF.

Inspirado na figura do xerife vivido por Brian Dennehy (1938-2020) em “Rambo: Programado para Matar” (1982), o ferrabrás interpretsdo por Rubens Caribé (1965-2022) joga o senso de heroísmo clássico por terra. Na região sem lei e sem alma onde Sebastião é figura de ordem, herói é quem atira primeiro... e mais certeiro. Paulo Miklos, Jonathan Haagensen e Milhem Cortaz também estão no elenco, e a caçada pessoal de Sebastião vai revolver cicatrizes que mexem com figuras poderosas da Justiça. O delegado interpretado por Fernando Eiras é um deles.

Segundo Erik, a natureza da brutalidade entre seus personagens é a vingança, na tradição clássica do western, ligada à redenção.

Na feitura do longa, mesmo com toda a experiência adquirida em “Federal”, Erik visualizou o quão difícil é levantar um thriller de ação no cinema brasileiro.
Inspirou-se nos trabalhos do roteirista David Webb Peoples, em "Blade Runner" e "Os Imperdoáveis", feitos entre 1982 e 1992. Ambos são violentos, mas humanos.
No batente, na técnica, Edu Felistoque foi parceiro de Erik na criação da fita. Ele tem em seu currículo o premiado “Toro” (2016), sobre um homem acossado pela sombra de crimes do passado.

No balanço moral dos feitos de Sebastião e dos demais sujeitos (com e sem farda) que fazem justiça sob códigos particulares, Erik dá ao cinema um estudo feérico sobre honra. A TV Globo terá um “Cinemaço” dos melhores com “Cano Serrado”.