Por Pedro Sobreiro
Falar de Transformers mexe diretamente com a memória afetiva de milhões de adultos e jovens pelo mundo. Sucesso nos anos 80, a saga dos robôs que se transformam em carros resistiu ao tempo por meio de animações, videogames, brinquedos e, claro, pela série de filmes em Live Action comandados pelo explosivo Michael Bay.
Iniciada em 2007, a franquia apresentou os robozões para uma nova geração, que agora está crescida e poderá levar seus filhos para darem continuidade a essa paixão pelos robôs guerreiros.
Em "Transformers: O Início", a primeira animação dos Transformers a ir para os cinemas desde os anos 80, o público conhecerá a origem da maior rivalidade da saga: de Optimus Prime e Megatron.
Dirigido por Josh Cooley, vencedor do Oscar de Melhor Animação por "Toy Story 4", o filme é ambientado há três bilhões de anos, antes mesmo da humanidade sequer existir.
A história é toda ambientada em Cybertron, o planeta dos Transformers. Por lá, é possível ver que foi estabelecida uma sociedade complicada, em que os robôs menos favorecidos são destinados às minas, onde passam a vida escavando Energon, a substância fundamental de energia dos Transformers, enquanto os mais abastados vivem uma vida de luxo.
Nesse contexto, o público é apresentado a Orion Pax e B-16, dois melhores amigos que são completamente diferentes. Orion se tornará Optimus Prime, enquanto B-16 se transformará em Megatron.
É interessante ver a mudança de perspectivas e personalidades da dupla da época em que eram amigos até os tempos de rivalidade.
Sai de cena aquele Optimus Prime sábio e altruísta, dando espaço a Orion Pax inconformado e, de certa forma, egoísta. Cansado de ser explorado por um sistema injusto, ele procura formas de ascender na sociedade de forma rápida e inspirar seus companheiro de mineração a se revoltarem. Mesmo que isso signifique colocar as vidas deles em risco.
Já Megatron é seu extremo oposto. Aquele líder trapaceiro e disposto a tudo para conseguir o que quer dá espaço a um B-16 extremamente 'caxias', já que acredita na meritocracia como forma de ascender na cadeia social. Ele pensa que sendo o melhor mineiro, chamará a atenção dos superiores para uma promoção. Só que, óbvio, isso nunca acontece.
E a situação sai de controle quando eles descobrem uma grande conspiração envolvendo a cadeia social em que estão envolvidos, após serem esculachados por diferentes 'robôs superiores'. Nessa aventura, eles encontram um coletor de lixo, que viria a se tornar o Bumblebee, e ainda arrastam a coitada da Elita, que sempre sofre as consequências dos atos de Orion Pax.
O grande desafio desse filme é também seu maior mérito. A falta de humanos na trama é uma benção, porque permite que eles desenvolvam o drama dos robôs, em vez daqueles dramalhões chatos das pessoas dos filmes em Live Action.
E por ser uma animação 3D muito avançada, as possibilidades das cenas de ação são praticamente infinitas. E a direção faz uso disso para brincar com diversas situações, principalmente para criar humor nas cenas deles aprendendo a se transformarem em veículos.
Por falar em humor, o Bumblebee é um show à parte. Mesmo que 'Transformers: O Início' não se conecte com os filmes Live Action, ele se aproveita muito de informações deles para criar o humor, ainda mais quando o assunto envolve o 'Bee'.
Está estabelecido nos filmes há quase 20 anos que o Bumblebee fica mudo após a guerra que destrói Cybertron e passa a se comunicar por meio das músicas do rádio. Neste filme, porém, eles colocam o robozinho amarelo para falar tudo e mais um pouco. Como a própria Camila Queiroz, que dubla a Elita na versão nacional, disse na pré-estreia do filme: "O Bumblebee é um personagem muito pentelho, mas é impossível não se apaixonar por ele".
Em tempos com filmes cada vez mais bobos destinados ao público infantil, "Transformers: O Início" traz uma trama sólida e divertida, que aborda temas complicados, mas com personagens carismáticos e divertidos, permitindo que crianças e adultos se divirtam e se encantem com os robôs mais amados do cinema.
Nota: 10