Quem sabe a realização do Festival Ghibli - que começa nesta quinta-feira (18), mobilizando o Rio de Janeiro com a obra do estúdio japonês de animação coroado com Oscars e a Palma de Ouro Honorária - não é o estímulo que faltava para a publicação, por aqui de "Shuna's Journey". O livro ilustrado, com cara de mangá, hoje elevado ao status de best-seller, angariou a reverência do mercado editorial para o cineasta Hayao Miyazaki.
Mestre maior do desenho animado no Japão, ele é o coração da companhia que, a partir deste fim de semana, vai ocupar o circuito nacional com clássicos da fantasia. O cineasta nipônico ganhou dois Oscars. Um veio com "O Menino e a Garça" (que abriu o Festival de San Sebastián em 2023). O outro foi conquistado por "A Viagem de Chihiro", laureado ainda com o Urso de Ouro, na Berlinale, em 2002. Este último terá sessão no Estação Net Rio nesta quinta-feira (18), às 21h, e passa no Cinesystem Belas Artes nesta sexta, às 18h30.
Da lavra lendária de Miyazaki, "Meu Amigo Totoro" (1988) ganha a grade do Estação Gávea na quinta, às 21h. Por lá, às 17h, tem ainda "Porco Rosso - O Último Herói Romântico" (1922).
Em cartaz nas livrarias estrangeiras (e na Amazon), "Shuna's Journey" carrega em suas páginas o estilo que fez esses filmes acima citados se tornarem marcos. Baseado numa lenda tibetana, a graphic novel narra o périplo de um príncipe para encontrar lima semente capaz de alimentar seu povo faminto. No percurso, ele se encanta por uma jovem chamada Thea. Ao salvá-la de seus captores, esse nobre, chamado Shuna, acaba se embrenhando em mil perigos nos rastros de uma divindade. Miyazaki assina os desenhos e o animador holandês Alex Dudok de Wit (de "A Tartaruga Vermelha") traduziu os diálogos do mestre para o inglês.
Aos 84 anos, Miyazaki estreou na direção, em 1972, com o curta-metragem "O Sol de Yuki". Além de mobilizar salas de projeção nacionais, ele pode ser lido hoje no Brasil graças ao empenho da editora JBC em traduzir "Nausicaä do Vale do Vento" para o português. Em sua trama, a poluição tomou conta do mundo. As águas, o ar e as florestas foram contaminados por causa do crescimento da industrialização. É nesse mundo caótico, onde até mesmo o ar é venenoso, e sem esperança que Nausicaä do Vale do Vento enfrentará uma jornada que decidirá o futuro da humanidade. Sua luta mobilizou os cinemas num filmaço animado de 41 anos atrás, que integra a mostra Ghibli, com sessões no subúrbio neste sábado, todas às 18h, no Kinoplex Tijuca, no Kinoplex Madureira e no complexo do Nova América.
A retrospectiva é uma ação da distribuidora Sato Company, empresa reconhecida pro seu pioneirismo no lançamento de filmes asiáticos no Brasil, que comemora 40 anos de atividade comercial.