O Pequeno Nicolau, um pestinha que não sai de moda
É gibi, é livro infantil, é audiobook... basta escreve "Le Petit Nicolas" na Amazon Prime, ou a tradução aportuguesada, O Pequeno Nicolau, que chove atrações dos mais variados tipos, incluindo uma pâtisserie em São Paulo, na Alameda Lorena, cheia de guloseimas, que leva o nome do personagem. Neste sábado, lá no Recife, às 18h20, no Cinema da Fundação Derby, o festival Animage - que traz o crítico Júlio Cavani em sua curadoria - vai exibir "Le Petit Nicolas: Qu'Est-ce Qu'On Attend Pour Être Heureux?", de Amandine Fredon e Benjamin Massoubre.
O filme marca o regresso às telas brasileiras do Menino Maluquinhos da Europa, só que, agora, não mais em live action, e, sim, numa animação com ecos documentais, laureada com o troféu Cristal do Festival de Annecy. A sessão pernambucana é um tributo à dupla de quadrinistas René Goscinny (1926-1977) e Jean-Jacques Sempé (1932-2022).
Lançado em 29 de março de 1959, nas páginas do "Sud-Ouest Dimanche", o pestinha do Velho Mundo tem arrebatado a atenção da cinefilia estrangeira com nova aventura. Ela recria o processo de criação do personagem e suas primeiras tramas, a partir de uma mistura de fato, imaginação e História. Ao mesmo tempo em que cria situações de divertidas para o herói mirim, a dupla de animadores explora como Goscinny Sempé elaboraram o moleque travesso. As narrações são feitas por Laurent Lafitte, Alain Chabat e Simon Faliu.
"Ensaiamos a utilização de uma técnica baseada em aquarela para homenagear a estética de Sempé, que foi o ilustrador infantil mais conhecido da França, em livros, a partir dos anos 1950", disse Massoubre em entrevista ao Correio da Manhã, em Paris. "Ele preservou uma atualidade no espírito endiabrado de Nicolau apesar de as histórias se remeterem a uma França anterior à II Guerra".
Nas livrarias brasileiras, a editora Martins Fontes anda enchendo prateleiras, desde 2019, com livros de Sempé. "O Pequeno Nicolau no Recreio" e "O Pequeno Nicolau e Seus Colegas" são os álbuns mais divertidos dessa safra. Diante da procura forte, o site da Martins colocou sob encomenda "As Novas Aventuras do Pequeno Nicolau".
Na Europa, o site https://www.librairielespetitsruisseaux.fr/ pôs à venda uma caixa (a 230 euros) com todas as publicações protagonizadas pelo guri. Lá saiu, faz pouco, o audiolivro "Six histoires inédites du Petit Nicolas", também narrado por Chabat.
Mundialmente, o personagem conquistou um novo gás ao ganhar os holofotes da tela grande em 2009, com uma produção vista por 5.520.194 pagantes. Sua parte II, "Les Vacances Du Petit Nicolas" (2013), vendeu 2.373.199 ingressos. A mais recente de suas peripécias com atores de carne e osso, "Le trésor du petit Nicolas", dirigida por Julien Rappeneau, foi lançada na França num azedo período comercial para exibidores, por conta dos sufocos provocados pela covid-19, e, mesmo assim, atraiu 519.512 espectadores às salas de exibição, comprovando o apelo popular de um moleque cuja traquinagem vende toneladas de livros.
