Chico Chico acende o fogo na Lona

Cantor lança seu potente 'Let it Burn - Deixa Arder' nesta quinta no Circo Voador

Por Affonso Nunes

Chico Chico mostra maturidade e versatilidade em seu terceiro trabalho de estúdio

Enquanto a indústria musical se rende ao imediatismo dos singles e EPs, Chico Chico segue pelo lado oposto com "Let It Burn - Deixa Arder", álbum com 20 faixas que terá seu show de lançamento nesta quinta-feira (13) no Circo Voado. Este terceiro álbum de estúdio é a aposta mais ambiciosa da carreira do cantor e compositor, que vem se consolidando na cena musical justamente pela recusa em acomodar-se em fórmulas prontas.

O filho de Cássia Eller, o artista vem construindo sua própria identidade musical desde 2015, quando estreou com a banda 2x0 Vargem Alta, passando pelos álbuns solo "Pomares" (2021), embalado pelo hit "Ribanceira", e "Estopim" (2024), até chegar a este trabalho que amplifica referências e demonstra maturidade vocal conquistada ao longo de uma década de estrada.

Das 20 faixas do álbum, 16 são composições autorais, incluindo parcerias, além de uma canção de Sal Pessoa, "Na Minha Idade", e três releituras que funcionam como pontes entre universos culturais distintos: "Vila do Sossego", de Zé Ramalho, "Girl From the North Country", de Bob Dylan, e "Four and Twenty", de Stephen Stills. Produzido por Pedro Fonseca, o disco recusa-se a permanecer num único território sonoro. A jornada começa com "Tanto Pra Dizer", quase um cartão de visitas que revela uma faceta romântica, mas logo o fogo se espalha e Chico exercita sua autoralidade num blues, "Two Mother's Blues", numa milonga, "Lugarzinho", com o bandoneon de Richard Scofano, num groove abrasileirado, "Hora H", num gospel, "Acaso Inevitável", e na delicada "Canção de Ninar".

"Cada música que o Chico me apresentava eu tinha uma ideia bem distinta de arranjo e busquei ser fiel a cada gênero, usando instrumentações apropriadas para cada um deles", comenta Pedro Fonseca, produtor do álbum. Essa atenção aos detalhes se manifesta em faixas como "Parabelo da Existência", que conta com Josyara, Marcos Suzano e Carlos Malta, ou na faixa-título, que passeia por sonoridades do Dixieland Jazz. O que diferencia este trabalho dos anteriores é justamente essa amplitude de referências e a maturidade vocal do artista. A opção por um álbum extenso é uma potente declaração de princípios num momento em que a lógica dos algoritmos privilegia a fragmentação.

SERVIÇO

CHICO CHICO - LET IR BURN - DEIXA ARDER

Circo Voador (Rua dos Arcos, s/nº, Lapa) | 13/11, às 22h | Ingressos esgotados